No
que depender dos partidos políticos, as campanhas eleitorais serão mais
caras em 2014, na comparação com o pleito de 2010. Segundo dados
divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a soma do limite de
gastos das campanhas de todos os candidatos já registrados na Justiça
Eleitoral será de R$ 73,9 bilhões. Há quatro anos, a soma dos tetos de
despesa foi de R$ 48,4 bilhões.
O
montante equivale ao orçamento de 2014 do Estado do Rio de Janeiro (R$
75,9 bilhões), o terceiro maior do país, atrás dos orçamentos da União e
do Estado de São Paulo. O dinheiro seria suficiente para organizar três
Copas do Mundo, pois o Mundial deste ano teve um custo total de R$ 25,8
bilhões, considerando os gastos nas três esferas (União, Estados e
municípios).
A
diferença é que a Copa do Mundo foi custeada, sobretudo, com dinheiro
público, enquanto as campanhas são bancadas majoritariamente por meio de
doações feitas por empresas.
O
limite de gastos é o valor total que o candidato prevê arrecadar ao
longo da campanha. Até agora, o TSE divulgou informações de 25.381
candidatos. O número não é definitivo, mas representa quase a totalidade
das candidaturas.
Considerando
as disputas para todos os cargos (presidente, governador, senador,
deputado federal e deputado estadual), o limite médio de gastos com
campanha é de R$ 2,9 milhões por candidato. Em 2010, a média por
candidato foi de R$ 2,1 milhões. Descontada a inflação do período
(27,4%, segundo o IPCA), as campanhas ficaram, em média, 6,8% mais
caras.
A
campanha mais barata é a de deputado estadual, com limite médio de
gastos de R$ 2,4 milhões, seguida da de deputado federal (R$ 3,6
milhões), deputado distrital (R$ 5,4 milhões) e senador (R$ 5,6
milhões).
O
gasto das campanhas majoritárias é bem superior. Em média, uma campanha
para governador tem o limite de R$ 14,6 milhões. Para presidente, o
valor sobe para R$ 83,4 milhões. As três campanhas mais caras do país
são para a Presidência. Dilma Rousseff (PT) prevê gastar até R$ 298
milhões; Aécio Neves (PSDB), R$ 290 milhões; e Eduardo Campos (PSB), R$
150 milhões.
DEM lidera gasto médio
Com
657 candidaturas já registradas, o DEM é o partido que prevê mais
gastos por candidato, com limite médio de R$ 7,7 milhões por campanha.
Na sequência aparecem PT do B (R$ 5,5 milhões), PSD (R$ 4,3 milhões),
PSDB (R$ 3,9 milhões), PMDB (R$ 3,8 milhões) e PT (R$ 3,8 milhões).
"A
indicação de gastos de um candidato a deputado federal ou estadual é
iniciativa dele. Mas o limite de gastos não passa de estimativa, não é
definitivo", afirmou o senador Agripino Maia, presidente nacional do
DEM.
Quanto
ao gasto total por partido, o PT, legenda com maior número de
candidatos (1.334), lidera com R$ 5,04 bilhões, seguido pelo DEM (R$
5,03 bilhões), PMDB (R$ 4,8 bilhões), PT do B (R$ 4,4 bilhões) e PSDB
(R$ 4,3 bilhões).
Corrida pelo dinheiro
Para
Mauro Macedo Campos, professor da Universidade Estadual do Norte
Fluminense (Uenf) e autor de um estudo sobre os custos do sistema
partidário no Brasil, o volume de recursos para campanha cresce a cada
eleição porque os pleitos tornaram-se mais competitivos.
"Os
custos das campanhas entraram em outro patamar a partir 2002, quando as
eleições ficaram mais competitivas. A lógica é: se meu adversário vai
gastar X, tenho que me antecipar e gastar mais do que ele. Quanto mais
gastar, mais chance de ser eleito", disse.
Campos
explica que o aumento do custo das campanhas gera um circulo vicioso
porque inflaciona cada vez mais os preços das peças publicitárias.
Quanto às doações, de acordo com o professor, não há critério
ideológico.
"Não
existe preferência em termos de ideologia. Elas doam sempre para quem
tem capacidade de ganhar. Qual é o propósito disso? É sempre aquela
lógica de se receber alguma compensação pela doação. Ou então é aquilo:
eu doo e você não mexe comigo; Até o senso comum sabe disso, mas não
difícil de comprovar na prática", afirmou.
Fonte: UOL