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Para o ídolo e ex-jogador de futebol Pelé, o goleiro do
Santos, Aranha, precipitou-se quando manifestou-se publicamente no
episódio de racismo em um jogo do Grêmio no Rio Grande do Sul. O Rei do
Futebol diz que se fizesse o mesmo que Aranha em toda a partida que
disputou e lhe fizeram ofensas racistas, não teria terminado nenhum
jogo.
"O Aranha precipitou-se um pouco querendo brigar com a torcida. Se eu
fosse parar o jogo ou gritar desde quando comecei a jogar, na América
Latina, aqui no Brasil e no interior, toda vez que me chamassem de
crioulo ou de macaco, aí todo jogo teria que parar. O torcedor, dentro
da sua animosidade, ele está gritando ali. A gente tem que coibir o
racismo, mas acho que não é tudo que vai coibir", disse.
Pelé acrescentou que "quanto mais atenção se der para isso, mais vai
aguçar esta coisa. Tem que coibir o racismo, mesma coisa que pegar
alguém de raça amarela, é racismo também, o pobre, como pessoa
discriminada, é racismo também. Então tem que tomar muito cuidado com as
ações das pessoas". Pelé destacou que é preciso verificar as reações do
público, porque podem ocorrer casos de torcedores que agem de forma
negativa com a camisa ou nas instalações de um clube justamente para
prejudicar uma agremiação adversária.
Pelé esteve na inauguração de um campo de futebol no Morro da Mineira,
no Catumbi, zona central do Rio de Janeiro, que faz parte de um projeto
de uma parceria da prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do Programa
Rio + Social, com o Instituto Pereira Passos e a empresa de energia
Shell.
Na inauguração das novas instalações do projeto, Pelé assinou camisas e
até chuteiras e cumprimentou moradores. No meio do campo, o Rei do
Futebol entregou para o presidente da Associação de Moradores do Morro
da Mineira, Pedro Paulo Ferreira, uma bola autografada e assistiu a uma
apresentação de quatro integrantes de um grupo de passinho (estilo de
dança que mistura ritmos como funk, break, samba, frevo e forró). Ao
cumprimentar os dançarinos, surpreso com as habilidades deles,
perguntou: " Vocês são de borracha?".
Pelé também comentou um pouco sobre a seleção de futebol do Brasil. Ele
disse que o atacante Neymar já é uma referência em campo, por isso não
precisaria ocupar a função de capitão da seleção brasileira. "Se o
Neymar já é uma referência, acho que o capitão podia ser outro. É talvez
uma maneira de pensar. Acho que podíamos ter dois homens dentro de
campo com duas referências para o árbitro respeitar", disse. "Para se
fazer uma seleção não pode ter apenas o número 10. Tem que fazer uma
equipe e Neymar sozinho não vai ganhar a Copa do Mundo".
O Rei do Futebol também falou sobre o técnico Dunga, que considera uma
pessoa confiável e séria. Pelé disse acreditar na reestruturação do time
brasileiro, mas é preciso investir na formação de jogadores e não
deixar a tarefa para empresários. "Não é difícil remontar a seleção
brasileira se a gente realmente fizer um trabalho mais sério. Um dos
problemas que tivemos nos últimos anos, a seleção brasileira, embora
tivesse os melhores jogadores do mundo, a formação sempre dependia de
empresários. Esse é um cuidado que temos que ter daqui para frente. Para
o empresário não interessa muito se o time vai vencer ou não, o
empresário quer é botar os seus jogadores [na seleção]", disse.
Fonte: Agência Brasil