Foto: Reprodução/ G1 | Paulinho Mega no meio |
Paulo Roberto Gomez Guimarães Filho, conhecido como "Paulinho Mega"
assumiu, na manhã desta segunda-feira (8), que sequestrou o advogado
Ricardo Andrade Melo, 37 anos, encontrado morto neste fim de semana,
porque precisava de dinheiro para fugir do país. Ele já era condenado a
22 anos de prisão por outro homicídio e planejava deixar o Brasil. No
entanto, Paulinho Mega afirma que não matou a vítima. Ricardo Andrade que
estava desaparecido desde o mês de abril.
"Ricardo ostentou valores. Eu estava precisando de dinheiro e ele se
tornou a vítima", afirmou
Paulinho Mega durante apresentação da polícia,
que reuniu a imprensa. O suspeito conta que após o sequestro, viajou
para São Paulo, onde foi capturado pela polícia.
Além de "Paulinho Mega", também foram apresentados o pai dele, Paulo
Magalhães, de 65 anos, e Arivan de Almeida Morais, apontado como
comparsa.
Durante a apresentação, "Paulinho Mega" não falou sobre a participação
de Arivan no crime. "Não estou aqui para acusar ninguém", declarou.
Entretanto, o delegado Cleandro Pimenta, responsável pelas
investigações, disse que em depoimento, Paulinho narrou a participação
do comparsa.
"Paulinho informa que não matou o advogado. Ele informa que, oito dias
após a negociação [sequestro], ele liga para o comparsa dele, que estava
aqui em Salvador, e informa que o dinheiro não havia caído na conta.
Então, o Arivan, o parceiro que estava mantendo Ricardo em cativeiro,
disse que 'já era', que realmente ia matar Ricardo", relatou. O dinheiro
que Paulinho diz não ter caído na conta é referente ao pedido de
resgate feito à família no valor de R$ 300 mil.
Arivan não disse uma palavra durante a apresentação à imprensa nesta
segunda-feira. Entretanto, o delegado Cleandro Pimenta diz que o
suspeito contou em depoimento que matou Ricardo 24 horas após o
sequestro, com uma paulada na cabeça. O corpo foi jogado em uma cisterna
localizada em um espaço chamado "Bahia Paletes", no bairro de Castelo
Branco, em Salvador.
Mesmo com as prisões, o delegado diz que as investigações não estão
completamente concluídas. "O fato não está encerrado. Precisamos saber
se as pessoas que cumprem pena e trabalham na Bahia Paletes [onde o
corpo foi encontrado] estão envolvidas ou não com os criminosos. A
Polícia Civil também precisa ter certeza se houve participação ou não do
pai do Paulinho nesse crime", informou.
O pai de Paulinho Mega está em prisão temporária, que deve durar 30
dias. "Nós torcemos que ele [Paulinho Mega] fique preso o resto da vida
dele. Ele vai ter 22 anos para cumprir. Essa pena agora que deve ser
superior a 24 anos", explicou.
Pai
"Eu estou dando um apoio moral a ele. Não fiz nada, não tenho nada de
envolvimento. Eu acho que pai diante de um filho, mesmo ele estando
errado, é a situação mais importante na vida, no calor humano do
cidadão", disse Paulo Magalhães, pai de "Paulinho Mega", durante a
apresentação.
Ele diz que também foi para São Paulo sem saber do crime e motivado pela
intenção de resolver problemas pessoais de saúde. Sobre o crime de
sequestro confesso pelo filho, ele disse estar decepcionado. "Decepção.
Decepção. O que é que eu posso te dizer?", falou.
De acordo com o relato de "Paulinho Mega", após sequestrar a vítima, ele
mesmo o levou, ainda vivo, para um terreno no bairro de Castelo Branco,
em Salvador, que fica próximo ao complexo penitenciário da cidade.
Ainda conforme a versão do suspeito, após o sequestro, ele fugiu para
São Paulo a fim de iniciar de lá as negociações com a família, obter o
dinheiro e conseguir fugir. "Paulinho Mega" disse à polícia que conheceu
Arivan, comparsa no crime, no período em que estiveram presos juntos no
Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador.
Prisão
A polícia prendeu Paulinho Mega na sexta-feira (5), em São Paulo. A
prisão ocorreu com atuação da Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil
paulista e o Centro de Operações Especiais da Polícia Civil do Estado da
Bahia (COE). Paulo Roberto Gomez Guimarães, pai de Paulinho Mega,
também foi preso. Segundo a polícia, ele já respondeu a processo
criminal acusado da prática do crime de descaminho e ainda está sob
suspeita de participação no sequestro do advogado.
A família do advogado Ricardo Andrade Melo divulgou um cartaz oferecendo
recompensa de R$ 20 mil a quem pudesse dar informações sobre o
paradeiro do rapaz.
Paulinho Mega foi condenado a 22 anos de prisão por outro homicídio e,
de acordo com informações da polícia, já respondeu a inquéritos
policiais e a processos criminais por estelionato, tráfico internacional
de drogas no Mato Grosso e por envolvimento na morte de duas pessoas,
um outro vizinho e um amigo de infância.
Advogado Ricardo Andrade Melo |
Caso
O sequestrador de Ricardo alugou um apartamento no mesmo prédio da
vítima para se aproximar dele. Os dois foram vistos juntos, pela última
vez, no dia 29 de abril, em um posto de combustível no bairro da Graça,
em Salvador.
Ricardo acompanhava o vizinho, que informou que iria comprar um carro
importado. Horas depois, Paulinho Mega aparece entrando em um posto
bancário. Segundo a polícia, ele tentou sacar o dinheiro da conta de
Ricardo, mas não conseguiu porque o cartão estava bloqueado. Depois
disso, o advogado e Paulinho Mega não foram mais vistos.
A família recebeu um telefonema pedindo resgate e o sequestrador mandou o
número de uma conta bancária para depósito. A polícia descobriu que a
conta estava em nome de uma criança, filha de Paulinho Mega.
Fonte: G1