Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil |
O aceno da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) de que pretende
construir "pontes" de diálogo com os setores produtivos durante seu
segundo mandato abre perspectivas mais otimistas para o setor energético
brasileiro. A análise é do presidente da Associação Brasileira dos
Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel. "A
Abiape, assim como o Fase, estava se preparando para colaborar nessa
fase de transição, qualquer que fosse o resultado da eleição. Definida a
reeleição, ficamos animados com o fato de a presidente reconhecer em
seu discurso a falta de diálogo", afirma Menel, que também é presidente
do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase). "Quando se reconhece o
problema, abre-se a perspectiva de que possam surgir soluções para a
situação do setor", complementa Menel. De acordo com o presidente da
Abiape e do Fase, o setor energético brasileiro enfrenta hoje uma
situação em que necessita de recursos externos para equilibrar as
contas. O passivo setorial, segundo Menel, beira a casa dos R$ 100
bilhões. A maior parte, aproximadamente 40% do valor, teve origem na
exposição involuntária das distribuidoras acumulada entre 2013 e 2014.
Para manterem condição de solvência, essas empresas receberam
empréstimos bilionários do governo federal e de bancos, valor que deverá
ser devolvido nos próximos anos. O cálculo do Fase ainda inclui outros
R$ 57 bilhões de passivos oriundos da exposição involuntária estimada
para 2015, de indenizações inerentes ao processo de renovação das
concessões do setor, de despesas esperadas com a redução da geração de
energia a partir das usinas hidrelétricas e de despesas com a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE). O número, por outro lado, não inclui
R$ 18,9 bilhões aportados a fundo perdido pelo Tesouro Nacional em 2013 e
2014, alerta Menel. "A solução é o diálogo. É preciso discutir como
vamos resolver a situação do setor, quem pagará a conta, em quanto
tempo? O setor elétrico hoje tem uma dívida de R$ 100 bilhões e um lucro
antes dos impostos de R$ 20 bilhões em média", alerta Menel.
"Precisamos que o governo sinalize uma posição para a necessidade de
recomposição do fluxo financeiro do setor", complementa.
Fonte: André Magnabosco | Estadão Conteúdo