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Censo divulgado pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública mostra que apenas 14,22% dos policiais brasileiros
acreditam que o melhor para a realidade brasileira seja a manutenção do
atual modelo de polícias estaduais, com a Polícia Militar agindo de
forma ostensiva e a Polícia Civil mantendo função judiciária.
A maioria dos policiais ouvidos pelo censo (27,10%) acredita que o
ideal seja criar uma nova polícia, com caráter civil, com hierarquia e
organizada em carreira única. Outros 7,88% dos policiais também defendem
nova polícia civil, mas organizada em carreiras diferentes, totalizando
34,98% dos que defendem a desmilitarização da polícia – pauta
reivindicada por setores da esquerda e que foi bandeira do PSOL durante
as eleições.
Além disso, 30,81% dos policiais que responderam ao questionário
defendem a unificação das polícias civil e militar. O restante defende
outros modelos ou não têm opinião formada.
O levantamento foi feito pelo Centro de Pesquisas Jurídicas
Aplicadas, da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a Secretaria de
Segurança Pública. A pesquisa ouviu 21.101 policiais, da Polícia Militar
(52,9%), Polícia Civil (22%), Polícia Federal (10,4%), Corpo de
Bombeiros (8,4%), Polícia Rodoviária Federal (4,1%) e Polícia Científica
(2,3%), entre 30 de junho e 18 de julho deste ano.
Dificuldades
Questionados sobre os fatores que mais trazem dificuldades aos
trabalhos das polícias, 84,7% definiram os "baixos salários" como fator
muito importante. A renda líquida mensal de 27% dos policiais que
responderam ao censo é de R$ 5.001 a R$ 10 mil; de 26,2%, é de R$ 2.001 a
R$ 3.000 e de 20,9%, de R$ 3.001 a R$ 4.000.
O contingente insuficiente de policiais foi apontado como fator muito
importante por 81,7% dos entrevistados. 80,6% falaram em formação e
treinamento deficientes; 76,8% em falta de verba para equipamentos e
armas; 71,9% em incapacidade das instituições para identificar potencial
de cada profissional e 70,3% apontaram a corrupção policial como fator
muito importante.
Outros problemas apontados pela categoria são leis penais inadequadas
(muito importante para 82,1%), falta de política de segurança pública
(81,4%) e mau funcionamento do sistema penitenciário (79,1%), dentre
outros.
Cerca de metade dos policiais disse que Ministério Público e Justiça
atuam com "indiferença em relação às dificuldades do trabalho policial,
apenas cobrando, mas sem colaborar".
Violência
Dentre os policiais ouvidos, 66% já terem sofrido discriminação por
serem policiais. 42,7% dos policiais relatou ter sido vítima de
violência física e 5,2% já foram baleados, em serviço ou de folga.
O estudo pode ser acessado na íntegra AQUI.
Outros estudos
Outro estudo feito pela FGV para o Fórum Brasileiro de Segurança
Pública mostra que 81% dos brasileiros acham "fácil" desobedecer leis. O
mesmo porcentual de pessoas também tem a percepção de que, sempre que
possível, as pessoas escolhem “dar um jeitinho” no lugar de seguir as
leis.O estudo, divulgado nesta segunda pelo jornal "O Estado de S.
Paulo", mostra ainda que 32% da população confia no Poder Judiciário e
33% confiam na polícia.
Além disso, pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Econômicas
(Ipea) e divulgada nesta segunda pelo jornal "O Globo" aponta que a
violência custa R$ 258 bilhões no Brasil, o equivalente a 5,4% do
Produto Interno Bruto do país.
Fonte: iG Minas Gerais | Cristina Moreno de Castro