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Apesar do aumento do custo de
importação de diesel e da gasolina, com a alta das alíquotas de PIS/Cofins, a
Petrobras deve manter a estratégia de recomposição de caixa diante da defasagem
positiva de preços no mercado doméstico frente ao exterior.
Atualmente, a gasolina no País
está cerca de 70% mais cara que em outros países. Essa margem, avaliam
analistas, garante a geração de receitas para o financiamento das operações da
companhia, revertendo perdas de receitas acumuladas há quatro anos.
"O governo empurrou para o
consumidor pagar a conta dos impostos e pela recomposição de caixa da
Petrobras. Estamos caminhando para ter a gasolina mais cara do mundo",
avaliou o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (Cbie). "A gasolina cara serve para reverter os erros do
governo na política de controle de preços da estatal", completou.
A alíquota do PIS/Cofins para
produtos importados passará dos atuais 9,25% para 11,75%, conforme decisão do
Ministério da Fazenda. Também haverá a volta da cobrança da Cide, dentro de 90
dias, que incide diretamente sobre o preço cobrado nas bombas.
A decisão da Petrobras de
repassar esses custos diretamente aos consumidores, evitará que a estatal
reduza suas margens de ganhos com a alta defasagem.
A estimativa de analistas de
mercado é que a companhia tenha perdido R$ 60 bilhões em receitas no período.
"(Mesmo que pague mais pelo combustível que importa) a Petrobras está
confortável, ela continua recompondo as margens de lucro com o combustível
sendo vendido mais caro aqui do que lá fora", afirmou José Augusto de
Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O impacto sobre o custo de
importação também não tira a atratividade das operações de compra no exterior
do petróleo para abastecimento interno por parte de distribuidoras
estrangeiras, interessadas em competir com a Petrobras no mercado brasileiro.
Algumas empresas já avaliam as condições logísticas e realizam novos pedidos de
importação.
"O encarecimento do custo de
importação recai tanto para a estatal quanto para outras distribuidoras.
Economicamente, é vantajoso importar pelo tamanho da defasagem no Brasil, mas
há limitações, principalmente quanto à capacidade logística dos
terminais", explicou o diretor do Sindicato Nacional das Empresas
Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alízio Vaz.
Além da baixa capacidade para
receber o petróleo importado, a maior parte dos terminais são operados pela
Petrobras. Na avaliação do consultor Adriano Pires, a estatal atua de maneira
monopolista no setor e não mudará essa posição. "A maior importadora
continuará sendo a Petrobras", comentou Pires.
Para Alízio Vaz, a decisão da
Petrobras de repassar integralmente os preços poderá provocar uma corrida de
encomendas dos postos de combustíveis às distribuidoras. "Os postos vão
querer chegar no dia 1º com o tanque cheio para ampliar suas receitas",
avaliou.
O executivo do Sindicom afirmou
ainda que o maior beneficiário das novas medidas é o etanol hidratado, que
ganhará competitividade frente à gasolina. Há expectativa de aumento da mistura
de etanol, que pode chegar a 27% nos próximos meses, gerando uma demanda
adicional de 1,2 bilhões de litros. "Essa é uma medida que antecipa uma
resposta sobre a política do governo para o etanol. O setor será o maior
beneficiário, pois o produto ganhará competitividade", concluiu.
Fonte: Estadão Conteúdo - Antônio Pita e Daniela Amorim