Zé Ronaldo e sua Babilônia chamada Feira

Foto: Guto Jads

Por Sérgio Jones
Por volta de 1960, chega à Feira de Santana José Ronaldo de Carvalho, oriundo da cidade de Paripiranga. Época em que se dá início ao novo processo de invasão territorial que viria em um futuro próximo dizimar a dominação dos políticos no município. Por volta de 1976 ele inicia a sua carreira política como vereador pela Arena é derrotado, seis anos após volta a disputar o mesmo cargo pelo PDS e consegue se eleger dando início aos primeiros passos para instituir o seu império transformando a cidade de Lucas em sua Babilônia. Não no sentido amplo de grandeza e opulência como é interpretado por alguns, mas a interpretação que em hebraico significa confusão, desordem, entre outros derivativos que o vocábulo enseja.

Dessa vez, os caciques políticos da localidade tinham esta Babilônia como seus legítimos feudos. Em 1986 eleito deputado estadual e reeleito em 1990 e 1994 assume a liderança do PFL. Período em que a hidra começa a lançar os seus tentáculos na arena política. Em 1998 ele parte para a Câmara Federal, mas o seu processo para a instalação do seu Império na Caatinga se institui efetivamente em 2000 ao eleger-se prefeito conseguindo se reeleger em 2004. Em 2010 tenta alçar voos mais elevados ao concorrer a uma vaga no senado, onde é fragorosamente derrotado. Diante da realidade e sem muitas outras opções política, José Ronaldo volta-se para Feira onde finalmente consegue implantar o seu feudo através da prática anacrônica da política do compadrio, onde mentes e corações são corrompidas à força do dinheiro e de distribuição de cargos entre as lideranças políticas e alguns apaniguados da população.

Idade das trevas

Sob o seu comando, a cidade da Babilônia de Feira conheceu idade das trevas ao se transformar de um dos mais prósperos e importantes centros urbanos do Estado Bahia. Em uma cidade sem lei, onde impera todo tipo de desmandos que com o passar dos anos se tornou uma urbis caótica devido a práticas políticas nem sempre confessáveis, onde os interesses dos feirenses são submetidos aos interesses da classe empresarial predadora que por aqui se hospeda.

Além de se utilizar dos interesses da coletividade como se os mesmos fosse extensão do setor privado, ele promoveu o desmonte em áreas importantes como a saúde, educação, transporte coletivo... Diferente do rei Hamurábi que promoveu a unificação dos territórios mesopotâmicos. O Imperador da Caatinga, José Ronaldo, foi o principal fomentador no desmonte das leis que regem um município minimamente civilizado. Regiões limítrofes do município até hoje continuam indefinidas. Atualmente temos conflitos neste setor com cidades circunvizinhas como São Gonçalo e Conceição do Jacuípe. Enquanto diferentemente da Hamurábi que foi um importante vetor para elaboração do mais antigo código de leis escrito do mundo. Enquanto Ronaldo, ao arrepio da Lei, nem mesmo estabeleceu ou manteve atualizado o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), além de administrar o município em franco desrespeito às leis que se impõe em qualquer localidade territorial brasileira. 

Este tem sido a grande contribuição que os futuros feirenses terão como herança maldita. Mesmo promovendo tantos estragos ao desconstruir o município, ele continua lutando para se perpetuar tendo como finalidade continuar submetendo o povo feirense aos seus mesquinhos objetivos. Nesse novo contexto, podemos destacar a ação do Imperador da Caatinga como um ser reinante que manipulou, e continua manipulando, o futuro da outrora considerada Princesa do Sertão.
 
Sérgio Jones, 62 anos, jornalista formado pela FACOM-UFBA
 *As opiniões emitidas em artigos assinados no site Diário da Notícia são de inteira e única responsabilidade dos seus autores. 
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