Imagem: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados |
O deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) afirmou nesta segunda-feira (19) que não renunciará à presidência da
Câmara. "Esqueçam, não vou renunciar", declarou. Na última sexta-feira,
documentos do Ministério Público da Suíça revelados pela TV Globo mostraram que Cunha é titular de contas em bancos
na Suíça. Em março, em depoimento à CPI da Petrobras, ele afirmou
que não tem contas no exterior. Cunha é alvo de uma representação no Conselho de Ética da
Câmara dos partidos PSOL e Rede, que tentam cassar o mandato de deputado do
presidente da Casa.
"Aqueles que desejam a
minha saída têm de esperar o fim do mandato para escolher outro", disse
Eduardo Cunha na entrevista. Ele afirmou que se sente em
condições de continuar na presidência da Câmara. "Tenho legitimidade para
executar todos os atos da função [para] que fui eleito", declarou.
O presidente da Câmara voltou a se recusar a falar sobre
as contas na Suíça – disse que isso cabe aos advogados – e reiterou o teor das
notas divulgadas anteriormente, em que afirmou não ter contas no exterior nem
ter recebido "qualquer vantagem". O peemedebista negou se sentir isolado
politicamente. Ele sustentou ainda que não precisa do apoio do PMDB para
se defender. "Eu não preciso que ninguém me ajude a fazer
a minha defesa. A minha defesa será feita por mim mesmo e pelos meus advogados
num segundo momento no foro apropriado", argumentou.
Sobre a representação no Conselho de Ética por suposta quebra de decoro
parlamentar, Cunha disse que se trata de uma situação "técnica" e não
política. "Eu vou precisar provar exatamente o que me
acusam para que aí possa a maioria do Conselho [de Ética] e do plenário [da
Câmara], se satisfazer com as defesas que serão feitas. Isso não é uma situação
política, é uma situação também técnica. Vou tratar também tecnicamente",
disse.
Cunha foi questionado sobre entrevista da presidente Dilma Rousseff na Suécia
no fim de semana, na qual, ao comentar as provas da existência de contas de
Cunha na Suíça, Dilma disse lamentar "que seja um brasileiro". "E eu lamento que seja com um governo
brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo", respondeu Eduardo
Cunha na entrevista.
O deputado também falou sobre suposta preocupação do governo com a pauta de
votações na Câmara, afirmando que continuará trabalhando com a mesma
"celeridade". "Se o governo sofreu derrotas, [...) é porque
não tem uma base em condições de dar esse quórum e vencer as votações",
afirmou.
Cunha contestou ainda críticas de que os trabalhos da CPI da Petrobras, com fim
previsto para esta semana, não deverão ser prorrogados a fim de poupar a ele
próprio e a outros parlamentares que teriam se beneficiado do esquema de
corrupção na estatal. "Se a própria CPI não votou a sua
prorrogação, não é o presidente da Câmara que vai fazer isso de ofício. (...)
Não participei de nenhum acordo", disse.
Fonte: G1