Imagem: Fábio Motta/Conteúdo Estadão |
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou nesta quinta-feira
(15) no Supremo Tribunal Federal (STF) um aditamento à denúncia feita em agosto
contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de corrupção e
lavagem de dinheiro. No complemento às acusações iniciais, Janot anexou trechos do
depoimento do lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano, no
qual o delator confirma que o deputado peemedebista teria recebido ao menos US$
5 milhões de propina por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.
A informação foi primeiro revelada em depoimento do empresário Julio
Camargo, outro delator da Operação Lava Jato. A delação de Baiano, por sua vez,
foi homologada pelo ministro Teori Zavascki na última sexta e permanece sob
segredo de Justiça.
Desde de que surgiram as suspeitas, Cunha tem negado as acusações da PGR e
alega perseguição política por parte de Janot. No último sábado (10), em nota,
afirmou nunca ter recebido "qualquer vantagem de qualquer natureza, de quem
quer que seja, referente à Petrobras ou a qualquer outra empresa, órgão público
ou algo do gênero". Depois, criticou o procurador-geral por "vazamento" de informações
sobre contas atribuídas a ele na Suíça e disse que Janot atua de forma
"parcial" e com "viés político". Ligado
ao PMDB, Fernando Baiano é investigado no Supremo no principal inquérito em
andamento no tribunal, o que apura se existiu uma organização criminosa com o
intuito de fraudar contratos e desviar dinheiro para pagamento de propina a políticos.
A colaboração dele foi validada pelo Supremo
porque Baiano citou o envolvimento de parlamentares com foro privilegiado, que
só podem ser investigados com supervisão do tribunal. Com colaboração com as
investigações, ele poderá ter as penas reduzidas. Segundo depoimentos de
delatores da Lava Jato, Fernando Baiano era interlocutor do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, e atuou com ele em desvios de contratos de navios-sonda
da Petrobras.
Baiano já foi condenado na primeira instância da
Justiça Federal em Curitiba a 16 anos e um mês de prisão por corrupção passiva
e lavagem de dinheiro, sob acusação de receber US$ 40 milhões de propina nos
anos de 2006 e 2007 para intermediar a contratação de navios-sonda para a
perfuração de águas profundas na África e no México.
Fonte: G1