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No último domingo (25) foi aplicada a prova de redação do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em todo o Brasil. Cerca de sete milhões
de estudantes fizeram a avaliação para tentar ingressar em uma faculdade
através do sistema de provas nacional. O tema da redação foi “A persistência da
violência contra a mulher no Brasil”, o que dividiu muitos estudantes que
tiveram de dissertar sobre o assunto. O Brasil atualmente é o sétimo país mais
perigoso para mulheres viverem, numa lista de 84 países, segundo a ONU.
Apresentando dados sobre violências físicas e sexuais
contra mulheres, o tema da redação do Enem fez com que os alunos refletissem
sobre a situação feminina no país. Segundo a Secretaria de Políticas
para Mulheres da Presidência da República, o ano de 2014 registrou um
aumento de 40% no número de ocorrências contra a mulher em relação ao ano
anterior , tendo casos de estupro como maioria. No ano
passado, 52.957 relatos de violência contra mulher foram denunciados, sendo
51,68% relacionados à agressão física e
2,86% à agressão sexual. Denúncias de violência sexual cresceram cerca de 20%
no ano passado, em comparação com 2013.
A especialista em educação Andrea Ramal, comentou sobre a redação: “Eu acho que é um tema muito pertinente. Houve uma pequena pista ontem na prova de ciência humanas com aquela citação de Simone de Beauvoir, que já trazia a questão da mulher. É um tema atual, extremamente relevante para os jovens discutirem, ainda mais considerando que os índices de violência contra a mulher realmente pertinente no Brasil", disse. Alguns internautas se mostraram indignados com a escolha do tema do Enem 2014. “A melhor forma de acabar com a violência contra as mulheres é minha roupa estar lavada e a comida estar na mesa na hora certa”, disse um um perfil no twitter
Os deputados Jair Bolsonaro e Marcos Feliciano também
foram às redes sociais declarar repúdio ao assunto, dando a entender que tudo
não passava de “doutrinação feminista” por parte do MEC. “Essa frase da
filósofa Simone de Beauvoir é apenas opinião pessoal da autora, e me parece que
a inserção desse texto, uma escolha adrede, ardilosa e discrepante do que se
tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens”, publicou Feliciano
em sua conta no Twitter, referindo-se à citação da escritora feminista na
prova.
Em pesquisa feita pelo Data Popular junto com o Instituto
Avon 2013, 56% dos homens entrevistados já cometeram algum tipo de agressão à sua
companheira. Também de acordo com a pesquisa, 3 em cada 5 mulheres já sofreram
violência dentro do relacionamento e 48% das mulheres declararam que a agressão
ocorreu dentro de suas próprias casas. Em mais de 80% dos casos, a violência
foi cometida por homens que mantinham vínculo afetivo com suas vítimas. Já a Pesquisa Avaliando A Efetividade da Lei
Maria da Penha, feita pelo Ipea em 2015, revelou que a Lei nº 11.340/2004 fez
diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios praticados contra mulheres em
suas residências. Em estudo realizado pelo Énois Inteligência Jovem, 90% das
mulheres entrevistadas admitiram ter medo de fazer determinadas tarefas por
causa do assédio sexual e a ter receio de usar roupas curtas ao sair na rua e
frequentar espaços públicos. Dessas mulheres, 77% acham que o machismo afetou o
próprio desenvolvimento profissional.