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Por Iasmyn Gordiano
Dia 25 de novembro foi o Dia
Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher e, como forma de protesto, foi criada a hashtag #MeuAmigoSecreto. Nela, milhares de mulheres expõem
situações machistas a que são submetidas todos os dias, seja pelos namorados
até colegas de trabalho. A intenção da campanha é colocar em evidência
situações de violência psicológica, física, sexual e financeira que sofremos somente
por causa de nosso gênero.
A tag está sendo utilizada
em todas as redes sociais e, junto com o avanço da discussão sobre feminismo
crescendo no meio feminino, também podemos notar a relutância de muitos homens
em entender seus privilégios diante de uma sociedade machista ao não compreender que
a intenção da campanha é divulgar o que mulheres sofrem cotidianamente. Desde
histórias de abuso sexual até assédio em transportes públicos e ambientes
universitários, mulheres agora têm - mais do que nunca - o poder de serem ouvidas,
utilizando o espaço virtual como arma contra o machismo. Discussões sobre
empoderamento, relações abusivas e situações tidas como comuns muitas vezes,
são feitas e dão às mulheres uma nova visão sobre seus relacionamentos com os
homens que as cercam.
Ainda hoje, mulheres são
silenciadas quando resolvem falar sobre suas opressões. Nas redes sociais
podemos notar a grande quantidade de homens que acham um absurdo essa “exposição
desnecessária” por parte delas, já que muitos acabam se enxergando nos
relatos e recusam-se a ponderar sobre seus comportamentos diante de figuras
femininas no dia-a-dia. Enquanto isso, o Brasil segue tendo 3 em cada 5 mulheres
sofrendo agressões de seus companheiros, com cerca de 52.957 denúncias de
violência contra a mulher sendo feitas em 2014. O Brasil é um país machista,
onde a voz da mulher é calada, seu corpo é observado, criticado, julgado,
exposto e feito de mercadoria pelas empresas de cerveja. Nosso lugar ainda é na
cozinha e como donas de casa, na visão dos publicitários da área de limpeza.
Somos sexualizadas, sofremos culpabilização caso ocorra um estupro ou assédio e
ainda temos de gritar pelo óbvio, enquanto muitos se recusam a perceber a violência de gênero que ocorre frequentemente.
#MeuAmigoSecreto não é uma
tag sobre indiretas de mulheres frustradas com seus antigos parceiros. É uma
tag que serve como desabafo, como o grito calado na garganta de todas aquelas
que, durante anos, acharam que nunca teriam espaço para falar sobre suas
experiências e dores dentro de uma sociedade que teima em minimizar nossas
vivências.
*As opiniões emitidas em artigos assinados no site Diário da Notícia são de inteira e única responsabilidade dos seus autores.
Iasmyn Gordiano, 20 anos, estudante de Jornalismo da UFRB |
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#MeuAmigoSecreto
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