Imagem: Agência Brasil |
A Defesa Civil informou
que adotou uma nova estratégia para apagar o incêndio nos contêineres que ainda
pegam fogo no Terminal de Cargas do Porto de Santos, na cidade de Guarujá. O acidente
libera desde o dia (14) uma fumaça tóxica, que atinge o distrito de Vicente de
Carvalho, a cidade de Santos e outros bairros de Guarujá.
Para que o fogo seja
apagado, cada contêiner é colocado em uma carreta com água, a chamada “técnica
de afogamento”. De acordo com o coronel José Roberto, coordenador da Defesa
Civil da cidade, hoje, pela manhã, foi feito um inventário a partir da planta do
terminal, que lista os produtos estavam armazenados na área, pela empresa
Localfrio.
O coronel não soube
informar quais tipos de produtos vazaram, mas disse que o acidente começou em
um contêiner que armazenava ácido dicloro. Segundo Enedir Rodrigues, engenheiro
da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), é possível que uma
fissura possa ter permitido a entrada de água da chuva, o que provocou a
ignição e o fogo se alastrou. “Uma fissura no tanque é suficiente para essa
reação exotérmica”, explicou.
Osmair Chamma, promotor
de Justiça do Meio Ambiente, informou que instaurou inquérito civil para apurar
as razões do acidente. “Disparamos oficios para apurar danos civil e coletivo,
mas, a princípio, não há resíduos na parte pluvial e não tem risco de alteração
ácida no ar”, declarou. O coronel da Defesa
Civil destacou que a fumaça diminuiu e mudou de cor, ficou mais branca, o que
representa um bom sinal. De acordo com ele, a situação no momento está
controlada. “Só não podemos ter pressa com os produtos químicos, pois cada um
tem uma reação diferente”.
De acordo com o tenente
do Corpo de Bombeiros Rafael Marques, apesar do fogo, o risco de propagação do
incêndio é zero e os produtos não devem contaminar o estuário, que fica longe
do local do incêndio. A expectativa, segundo ele, é que até o final do dia as
chamas sejam apagadas e o trabalho entre em fase de rescaldo.
Segundo Maria Antonieta
de Brito, prefeita de Guarujá, as cerca de 500 pessoas que moram perto do local
do acidente foram orientadas a desocupar suas casas, já podem retornar. “Foi
uma desocupação preventiva, elas podiam ter continuado em casa”, esclareceu.
A prefeitura emitiu
aviso pedindo para os moradores a um raio de 100 metros do local do incêndio
deixassem suas casas para evitar inalação da fumaça tóxica. “Tínhamos uma
estratégia de evacuação, mas não foi necessária”, disse ela. Com a situação
controlada, a prefeita aproveitou para despreocupar turistas que desejam
aproveitar o verão nas praias da cidade. “Não afetou a praia, pedimos para que
não deixem de vir nas férias. [A fumaça] está sendo dispersada pelo vento, não
há motivo para que os turistas não venham”, disse.
Intoxicação
Segundo a prefeitura, foram feitos 75 atendimentos em Guarujá, e seis em Santos, em virtude de intoxicação com os gases. Não foi registrado nenhum caso mais grave, apenas uma idosa de 66 anos, moradora de Santos, continua internada. A orientação à população é que evite contato com a fumaça tóxica emitida pelo incêndio. Em caso de tontura, náusea ou ardência nos olhos e vias nasais, procurar imediatamente o serviço de saúde.
Na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) ao lado da rodoviária, Alessandra Rodrigues Cotia, auxiliar
de enfermagem, de 38 anos, acompanhava o filho de 11 anos, que tem alergia
respiratória. Alessandra mora próximo ao terminal, no distrito de Vicente de
Carvalho, onde uma nuvem de vapores domina o ambiente e preocupa os moradores. O garoto apresenta tosse
seca, irritação na garganta, dor de cabeça e vômito. “Ele já estava mal há dois
dias, mas depois do que aconteceu agravou. Hoje já resolvi trazer ele aqui,
porque ele não fica com nada no estômago. Ele fez exames, inalação e recebeu
medicação”, disse a mãe.
Marcos Santos Ferreira,
gerente de um posto de gasolina em frente ao terminal, disse que ontem, no
final da tarde, os comerciantes fecharam as portas mais cedo. Ele conta que a
coluna de fumaça era levada pelo vento para a cidade de Santos e o distrito de
Vicente de Carvalho. “Hoje parou a chuva, e o vento começou a trazer para cá
[Guarujá]. Parece que dissipou para a cidade inteira. Ontem não estava tão
denso, parece que a fumaça desceu”.
Fonte: Acorda Cidade
Tags
Cetesb
Defesa Civil
fumaça tóxica
Guarujá
Santos
São Paulo
Terminal de Cargas do Porto de Santos