Foto: EBC |
Traços de DNA do Zika vírus
foram encontrados em uma amostra de tecido de uma mulher que teve a gravidez
interrompida por cientistas do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz
de Curitiba. O resultado da pesquisa, divulgado nesta quarta-feira (20),
confirma que o Zika consegue atravessar a placenta através das gestantes e
entrar em contato com o feto em desenvolvimento.
A
grávida, que não foi identificada, apresentou sintomas típicos da infecção
semanas antes de sofrer um "aborto retido", quando o feto para de se
desenvolver no útero. Os pesquisadores usaram anticorpos para detectar a
infecção no tecido da placenta, e identificaram o virús através de um exame que
detecta traços de material genético do patógeno, o PCR.
Em comunicado divulgado à
imprensa, o instituto comentou a descoberta: "este resultado confirma de
modo inequívoco a transmissão intrauterina do zika vírus", diz. Os
cientistas envolvidos na pesquisa acreditam que a transmissão do vírus de
mãe para filho ocorre através das "células de Hofbauer", um tipo de
célula do sistema imune que defende o organismo.
Elas
estariam capturando o Zika e sendo absorvidas pela placenta. A tese dos
cientistas da Fiocruz sobre a forma de transmissão ainda não foi
confirmada.
OMS faz alerta e pede que todos os
países monitorem Zika
O escritório central da
Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça, assume o combate do
zika vírus e pede que governos de todos os continentes monitorem e informem a
entidade sobre eventuais casos da doença ou de microcefalia. No total, pelo
menos 18 países já identificaram casos.
Mas, para a OMS, o temor é de uma proliferação ganhe força nas próximas
semanas. “Estamos pedindo que todos os governos monitorem a situação e
notifiquem a OMS sobre eventuais casos”, disse Christian Lindmeier, porta-voz
da entidade. Essa foi a primeira vez que a organização na Suíça se pronunciou oficialmente
sobre o caso.
Até agora, todas as perguntas e mesmo os
trabalhos eram realizados apenas pela Organização Pan-Americana de Saúde. A
transferência de competências para Genebra significa, segundo os funcionários,
que existe o temor de uma proliferação para outros continentes e que a doença
ganhou uma dimensão maior no “cenário global”.
“Já
temos casos em Cabo Verde, ilhas na Oceania e não sabemos como é que a doença
viaja, se uma pessoa pode contaminar outra e qual é a fonte do vírus”, disse o
porta-voz.
Por enquanto, a OMS não faz uma recomendação para que grávidas deixem de viajar ao Brasil. Mas alerta que todos os turistas devem “se proteger com métodos tradicionais, como repelentes, camisas de manga larga”.
Segundo
Lindmeier, aos governos a recomendação é de que se combata a água parada e se
elimine o mosquito. A OMS admite que, diante dos poucos casos no passado que
resultaram em sérios problemas, uma vacina jamais foi desenvolvida.
“Trata-se
de um vírus desconhecido. Não sabemos quantos casos de zika existem. Não
sabemos de onde ele vem. Normalmente, ele causa uma doença leve e apenas 25%
dos casos mostra algum tipo de sintoma”, disse. “Estamos monitorando a proliferação
em 18 países na América”, admitiu.
A
OMS ainda não conseguiu estabelecer uma relação direta entre a microcefalia,
que já atingiu 3,5 mil casos no Brasil, e o vírus. Mas afirma estar
“trabalhando” ao lado das autoridades brasileiras e americanas para fazer
avançar as pesquisas e “entender a ligação entre os dois casos e para
estabelecer as causas”.
Segundo
a entidade, 46 mortes foram registradas, com sete casos laboratoriais
confirmados. Cinco deles foram identificados pelo Centro de Controles dos Estados
Unidos, com casos envolvendo brasileiros. “A origem da microcefalia precisa ser
investigada. É um aumento desconhecido”, admitiu o porta-voz.
Fonte: Correio