Imagem: Divulgação |
Por Iasmyn Gordiano
A violência contra a mulher
na sociedade brasileira apresenta-se de diversas formas – desde o assédio
sexual até o abuso psicológico e físico. No carnaval, a ideia de que mulheres
estão ali para serem “paqueradas” e não apenas para se divertirem, como qualquer
pessoa, é alimentada e muitas vezes incentivada pela própria mídia. Segundo
pesquisa feita pelo Instituto Data Popular em janeiro, 49% dos homens
entrevistados disseram que “mulher direita” não pula carnaval. Entre esses
pesquisados, 61% acham que mulheres que vão para a festa não podem reclamar do
assédio.
A cultura machista está
inserida nas relações sociais, sendo reproduzidas e perpetuadas
através de atitudes tidas como mínimas. Desde a infância, homens são ensinados
a paquerar as colegas, incentivados a começar cedo as relações sexuais e a ter
atitudes que reafirmem a sua masculinidade perante a sociedade. Em
ambientes como o Carnaval, é comum ver mulheres sendo agarradas, assediadas ou
constrangidas por um homem ou por seu grupo de amigos.
No facebook, mulheres
relataram abusos sofridos durante a festa. Em Salvador, a nutricionista Ludmylla
de Souza Valverde, 27 anos, foi agredida após negar um beijo a um folião. Ao acompanhar
a irmã, Thaianna de Souza, na pipoca, dois homens se aproximaram e um dos
rapazes assediou as mulheres. Ao tentar defender a irmã, após a mesma negar as
investidas do homem, a nutricionista foi empurrada e agredida com um copo
acrílico no rosto, pelo amigo do assediador.
Imagem: Arquivo pessoal |
A revista AzMinas iniciou
uma campanha ensinando a diferenciar paquera de assédio, fazendo um guia básico
para que homens e mulheres possam se conscientizar sobre o assunto. A campanha
gerou alvoroço nas redes sociais, sendo compartilhada pelos perfis da
Prefeitura de Salvador e do Rio de Janeiro. Ainda hoje, alguns homens ainda têm
a infeliz imagem de que a mulher é sua propriedade e feita para realizar suas
vontades. Mesmo com 2015 tendo sido o ano em que o feminismo tornou-se grande
pauta nas mídias sociais, trazendo a tona assuntos como assédio e violência por
gênero, muitos ainda têm certa relutância em abrir mão de seus privilégios e a
passar a respeitar o espaço das mulheres.
Casos como o de Ludmylla
ainda são freqüentes em cenários de festa, provando que ainda é necessário o
debate sobre o respeito ao corpo feminino e a sua autonomia. Enquanto pensamentos machistas não forem
desconstruídos dentro do espaço social, debates sobre o tema são cada vez mais
necessários. As mulheres agradecem.
Iasmyn Gordiano, estudante de Jornalismo da UFRB. |
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