(Foto: Enrico Marone/Divulgação |
Será
lançada nesta quarta-feira (16), a campanha Marisqueira com orgulho, quilombola
para sempre!, no distrito de Capanema, no município de Maragogipe, no Recôncavo
Baiano, que faz parte do Programa Pesca para Sempre. Realizada pela ONG
Rare, Fundação Vovó do Mangue e Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), a campanha tem como objetivo recuperar o estoque de
ostras em vida livre por meio de engajamento das marisqueiras, através da
geração de renda com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
O evento de lançamento da
campanha acontece às 9:00hs. Dentre as atividades, está prevista a inauguração de
um cultivo de ostras de base comunitária. Haverá ainda um café da manhã,
degustação de ostras da brasa e lambretas, samba de roda, roda de capoeira e
atividades de educação ambiental com a participação de Carlinhos de Tote (do
grupo musical Cantarolama) com seu projeto “a arte de educar cantando”. A campanha
tem o apoio da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), da Secretaria
de Políticas para as Mulheres (SPM) e do Bahia Pesca.
Pescar,
Conservar, Prosperar. Esse é o slogan da campanha, que reforça o compromisso da
geração de renda com conservação ambiental. A iniciativa prevê uma campanha de
comunicação voltada para as marisqueiras de Capanema e Baixão do Guaí,
comunidades ribeirinhas e quilombolas de Maragogipe, que fazem parte da Reserva
Extrativista Marinha Baía do Iguape. Através dessa campanha, a ação visa a
adoção de novas condutas no dia-a-dia do trabalho das marisqueiras, como a
realização do rodízio de áreas de mariscagem e a não comercialização de ostras
menores que cinco centímetros de diâmetro, garantindo o ciclo de reprodução da
espécie.
De acordo com o coordenador
local da campanha, Daniel Andrade, a iniciativa teve total engajamento das
marisqueiras. “Elas estão envolvidas na campanha desde o início do trabalho,
que começou ano passado, e participaram ativamente de todas as decisões",
conta Andrade. Elas também deverão passar por uma capacitação.
A
inciativa tem um outro foco ainda: implantar um cultivo de ostras de base
comunitária. Essa ostreicultura envolverá, inicialmente, 30 família, escolhidas
por critérios elaborados pelas próprias marisqueiras. Esse cultivo vai diminuir
o esforço de mariscagem da espécie em vida livre. O empreendimento terá
estruturas feitas de bambu, coletores de sementes produzidas em garrafas PET e
gestão compartilhada. As ostras crescem dentro de sacolas plásticas
retangulares que imitam treliças chamadas de travesseiros. À medida que as
ostras crescem, elas são transferidas para sacolas com treliças mais
espaçadas.
A
UFRB cederá uma equipe de pesquisadores do curso de Engenharia de Pesca para o
monitoramento do meio ambiente e da espécie-alvo. “A qualidade da água é
essencial em áreas onde ocorre o extrativismo e o cultivo de moluscos bivalves,
pois estes organismos são filtradores e acabam aprisionando poluentes e outras
impurezas existentes na água. Então esses organismos também funcionam como
bioindicadores do ambiente e da qualidade da água”, explica o professor Moacyr
Serafim Júnior.
Fonte: Correio