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Quem pensa em curtir o tradicional São João de Santo
Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, terá que se contentar com a redução no
número de dias da festa. Os seis dias de festejos do ano passado foram
encolhidos para quatro em 2016: a edição deste ano acontece de 23 a 26 de
junho.
A diminuição, no entanto, não é resultado da crise econômica que afeta o
Brasil e a arrecadação dos municípios. É o que afirma o prefeito Humberto Leite
(PDT). Em entrevista ao Bahia Notícias, o gestor culpou o calendário pelo encurtamento
da festa.
“O problema foi do calendário, já que o São João cai mais para o fim
de semana. Foi por isso que a gente preferiu deixar só quatro dias. Se fosse na
quarta-feira, a gente completaria a semana. Eu não vou começar um São João numa
segunda-feira, numa terça-feira, quando todo mundo trabalha e isso pode
prejudicar a economia”, explicou.
Sobre a grade de atrações, principal cartaz
de uma das maiores festas juninas do Nordeste, Leite garante que ainda não há
nada fechado, mas afirma estar de olho naquilo que “o povo gosta”. Entretanto,
agradar a população com artistas de renome, principalmente em ano eleitoral – o
prefeito deve concorrer à reeleição – pode custar caro aos cofres municipais,
algo que é motivo de cautela para Leite.
“O povo gosta de Aviões, Pablo, Amado
Batista, o povo gosta Bell. A gente vê o preço de cada banda dessa, mas vamos
ver a nossa disponibilidade financeira”, garantiu.
Tornar o evento menos
custoso para as finanças do município é a principal preocupação da prefeitura, de
acordo com o secretário municipal de Cultura, Turismo e Juventude, Everaldo
Ferreira Júnior.
O salgado orçamento da festa foi alvo de
investigação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) no ano passado, por
suspeita de superfaturamento nos cachês pagos às atrações. Na ocasião, os
custos ultrapassaram a bagatela de R$ 1,9 milhão, mesmo em período de crise
econômica e diante de recomendações do MP-BA para que os municípios fossem mais
prudentes com os gastos. Para evitar situações como esta, a prefeitura busca o
apoio da iniciativa privada.
“Nosso grande desafio é buscar a iniciativa
privada, para que o orçamento público seja empregado em outras ações. Temos que
fazer um São João com responsabilidade e em ano de crise. A gente tem conversas
com patrocinadores, não só cervejarias, mas outras empresas têm interesse de
fazer investimentos”, admitiu.
Segundo o titular da Cultura, os cachês pagos às
atrações não devem ser tão altos, “já que as próprias bandas sabem que não
podem negociar valores exorbitantes”, devido às dificuldades econômicas
atravessadas pelo país e que têm afetado também o mundo do entretenimento
musical. Para remodelar a estrutura dispendiosa do evento, a prefeitura deve
apostar este ano no São João tradicional.
“Nossa maior atração vai ser a cidade
e a população da cidade. Queremos democratizar o São João. As grandes bandas
vendem comercialmente, mas a gente tem que resgatar o patrimônio cultural, as
fogueiras, os balões. A gente tem que unir o histórico com o comercial”,
explicou.
A prefeitura também deve diluir os festejos juninos em quatro eventos
que acontecerão durante um mês, entre 29 de maio e 29 de junho.
“Nós temos uma
agenda desde o dia 29 de maio ao dia 29 de junho. Desde 29 de maio, que é
aniversário da cidade, até a festa de Santo Antônio, padroeiro da cidade,
passando pelo São João e São Pedro. Um mês de festividades”, afirmou o
secretário, antes de voltar a frisar que as festividades devem ocorrer com
apoio da iniciativa privada.
Fonte: BN