Foto: Reprodução | Boca de Zero Nove |
Seis pessoas foram presas suspeitas de envolvimento na chacina de Feira de Santana, que deixou cinco mortos no domingo (21). Os suspeitos não foram identificados. Eles estão sendo ouvidos na Delegacia de Homicídios da cidade. O único sobrevivente do atentado continua internado e será ouvido nesta terça-feira (23).
Segundo o coordenador da 1ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin) de Feira de Santana, delegado João Uzzum, a polícia chegou até o grupo depois de receber uma denúncia anônima. "Recebemos a informação de que um grupo de homens estava escondido em uma vila de quartos, no bairro de Rua Nova. Fomos até o local e encontramos os seis suspeitos escondidos em duas casas com armas, dinheiro e drogas", afirmou.
Ainda segundo o delegado, os seis presos negam o envolvimento no crime. As casas onde eles estavam escondidos ficam em uma área dominada pela facção Caveira, autora do atentado que resultou na morte de cinco pessoas no domingo de manhã. A polícia investiga a participação deles na chacina.
Corpos das vítimas são liberados
Três vítimas do atentado foram identificadas no domingo como Alefe Bastita da Silva, 23 anos, Anderson Freitas dos Santos Viana, 18, e Gilvancio Almeida de Oliveira, 21. Os outros dois homens foram reconhecidos nesta segunda-feira (22), como Ian Lucas da Silva Pio e Jânio Ricci Rabelo - as idades não foram divulgadas.
A assessoria do Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou que os corpos de três das vítimas foram liberados para sepultamento nesta segunda-feira (22). Os outros dois já haviam sido liberados no domingo. O único sobrevivente, Marcos Raniel da Cruz Martins, 24, foi atingido no quadril e no abdômen e está internado no Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana.
"Tentamos ouvi-lo hoje, mas não foi possível porque ele ainda não estava em condições de prestar depoimento. Agendamos para amanhã. Um delegado foi designado para ouvi-lo", contou Uzzum. Ele contou que testemunhas do crime e familiares das vítimas estão sendo interrogadas na delegacia.
O crime
Segundo informações da polícia, o crime ocorreu por volta das 4h30 da manhã, na Rua B, no Loteamento Bela Vista, conhecido como Portelinha, no bairro Pedra do Descanso. O crime foi motivado por uma disputa de ponto de tráfico entre as facções Caveira e Katiara, que domina a região da Portelinha. Testemunhas contaram à polícia que mais de dez homens participaram da ação.
“O objetivo da Caveira era invadir uma casa que funcionava como ponto de tráfico da Katiara para matar as pessoas que estavam lá, mas elas conseguiram fugir pelos fundos. Na casa havia vários colchões no chão”, informou Uzzum, no domingo. O imóvel teve o portão derrubado com explosivos e parte do telhado foi danificado.
O delegado informou ainda que há suspeita de que parte das pessoas que estavam no imóvel invadido teriam se deslocado para a casa de Raniel, que fica na mesma rua B. Os bandidos da Caveira chegaram a ir até lá, houve troca de tiros, Raniel foi baleado se escondeu na casa de uma senhora. Em meio à confusão entre as facções, sete pessoas chegaram na rua em um Uno azul para comprar cocaína. Cinco delas morreram e outras duas conseguiram fugir.
As vítimas que escaparam foram identificadas como Jamerson Souza da Silva, 20, e Mateus Pereira de Jesus. Eles contaram que foram abordados em via publica por vários homens não identificados portando armas de fogo, sendo que um deles estava com uma arma longa do tipo fuzil. As vítimas informaram ainda que foram obrigadas a sair do carro e deitar no chão e os homens teriam começado a atirar.
Eles conseguiram fugir por um matagal que existe no local. “Os Caveiras acharam que as pessoas do carro tinham chegado para dar cobertura a Katiara”, contou o delegado. Ao dar entrada no Hospital Clériston Andrade, Raniel informou que tinha sido baleado durante uma festa na Portelinha, mas testemunhas contaram à polícia que ele trocou tiros com os bandidos e a perícia constatou que houve tentativa de invasão da casa.
A polícia informou também que a maioria das vítimas mortas na chacina foi atingida na cabeça e que na ação foram usadas pistolas calibres ponto 40, 380 e fuzil AK-47 Calibre 7.62 curto. O delegado acredita que a chacina pode ter relação com o assassinato de um casal, ocorrido há cerca de dois meses. As vítimas moravam uma rua depois de onde houve as mortes do último domingo e foram fuziladas por envolvimento com o tráfico de drogas.
Fonte: Correio