Polícia de SP descarta que assessor de Feliciano manteve jornalista refém

Talma Bauer | Foto: Reprodução/TV Globo
O delegado Luiz Roberto Hellmeister, que investiga o caso envolvendo a jornalista Patrícia Lelis, de 22 anos, e Talma Bauer, chefe de gabinete do deputado federal Marco Feliciano, descartou a hipótese de sequestro e cárcere privado que o assessor pudesse ter praticado sobre a jovem.

Imagens entregues à Polícia pelo hotel San Rafael, no Largo do Aroche, região Central de São Paulo, mostram Bauer, abraçando a jornalista Patrícia Lelis no saguão do estabelecimento.

O delegado Luiz Roberto Hellmeister, que investiga o caso, disse que vai analisar as imagens e pedir perícia do material apreendido no hotel. Para o delegado, as imagens podem desconfigurar a situação de sequestro descrita pela jornalista, já que ela recebeu o namorado no hotel e aparentemente trata Bauer como amigo nas imagens.

"Com as imagens que temos aqui está descartada a hipótese de sequestro e cárcere privado. A ameaça ainda estamos avaliando", afirmou Hellmeister.


Na sexta (5), Patrícia procurou a polícia civil para registrar as ameaças que diz ter sofrido no hotel. Bauer chegou a ser preso, mas foi liberado na manhã de sábado (6). O gerente do hotel onde ela ficou hospedada prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (8).

Depoimento

Segundo o gerente, Patrícia se hospedou no hotel dia 30 e pediu para não ser identificada. Ele ainda afirmou que na quinta-feira, o assessor chegou ao local para pagar a hospedagem da jovem. Os funcionários estranharam e acionaram a jovem. Ela então teria confirmado que ele pagaria a conta.

Em uma das imagens, Bauer e Patrícia aparecem no saguão do hotel em clima descontraído se abraçando e conversando. Bauer, que é investigador aposentado da Polícia Civil de São Paulo, chegou inclusive a entregar seu cartão na recepção.

Um amigo de Patrícia que a acompanhou vindo de Brasília para São Paulo, e também estava hospedado no Hotel, entregou à Polícia Civil R$ 20 mil que estava no hotel com eles. O dinheiro teria sido entregue por Bauer a Patrícia para manter o silêncio. Tanto Bauer quanto Patrícia negam o dinheiro.

Liberado

Ao sair da delegacia, em entrevista à TV Globo, o assessor disse que tinha ido prestar esclarecimentos "sobre uma menina que veio fazer uma falsa comunicação de fatos". "Isso me parece que é uma perseguição política. As esquerdas estão aí, querendo derrubar todo mundo, mas nós estamos firmes, com Jesus venceremos", disse Bauer.

Em depoimento à Polícia Civil, Patrícia disse que, com uma arma na cintura, Talma Bauer teria dito que se ela não voltasse atrás nas denúncias sobre o deputado Feliciano, poderia ocorrer um "mal maior" com ela.

Após isso, o delegado Luiz Roberto Hellmeister chegou a dizer que iria pedir a prisão de Talma por sequestro, coação e ameaça.

Por volta das 23h30 da sexta, um investigador da polícia encontrou o amigo de Patrícia, que estava no hotel onde teria acontecido a ameaça.

O rapaz foi levado para a delegacia e contou outra história para o delegado: Patrícia, segundo ele, recebeu R$ 20 mil para gravar um vídeo na internet desementindo que Feliciano teria tentado estuprá-la.

Hellmeister apreendeu um tablet dessa nova testemunha, com um vídeo que o amigo fez das negociações para a gravação do vídeo.

Diante dessa testemunha e do vídeo, o delegado achou que a ameaça de morte não estava configurada e liberou Bauer. "Eu fiquei espontaneamente até agora para poder ser ouvido sem pressa. Não estive preso, não tem crime nenhum", disse o assessor.

No mesmo boletim, Patrícia registrou que Feliciano tentou estuprá-la no apartamento funcional dele em Brasília, em junho, e que foi agredida com um soco na boca e um chute na perna.

O delegado disse que vai continuar a investigar as supostas ameaça e pagamento dos R$ 20 mil, que podem configurar crimes de coação e corrupção. Já a denúncia de estupro contra Feliciano será investigada em Brasília (ele tem foro privilegiado por ser deputado).

Neste sábado, Feliciano publicou na internet um vídeo em que diz que a militante do PSC fez falsa comunicação sobre o assédio. Ele acrescentou que perdoa Patrícia Lélis.

Fonte: G1
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