Foto: Divulgação | GOV-BA |
Auditores Fiscais do Trabalho resgataram, nesta quarta-feira (18/08), nove trabalhadores em condições análogas às de escravos, que atuavam há cerca de um mês em obras de pavimentação e requalificação no Centro Histórico de Salvador. Os trabalhadores vieram de diversas cidades do Recôncavo Baiano e estavam a serviço da empresa Soebe.
A inspeção foi realizada com apoio da Polícia Federal após denúncia feita à Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRTE-BA) pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira do Estado da Bahia (Sinstracom).
Os Auditores inspecionaram as frentes de trabalho e constataram a existência de dezenas de trabalhadores sem registro na carteira, sem terem sido submetidos a exames médicos, com atraso no pagamento de salários e sem descanso semanal. Verificaram, ainda, a inexistência de locais para realizar as refeições, tendo que realizá-las no meio da rua, bem como a ausência de instalações sanitárias.
Além das frentes de trabalho, os auditores realizaram inspeções nos locais onde os trabalhadores vindos do interior estavam alojados. Os alojamentos, localizados na Estrada da Rainha e na Rua da Lama, não teriam “condição alguma de abrigar qualquer pessoa”, segundo a análise. Um deles foi descrito como “uma construção inacabada, com cômodos improvisados, os trabalhadores dormiam em colchões no chão, chegando a improvisar uma cama, utilizando uma estrutura de andaime para dormir. Em um dos cômodos havia um botijão de gás e não havia janela”. Em ambos os locais, as condições de higiene eram precárias e não havia água potável para consumo humano.
Foto: Divulgação | Bahia Notícias |
Segundo os depoimentos dos trabalhadores, por vezes eram vistos animais roedores dentro das instalações.
“A situação encontrada nestes alojamentos associada à impossibilidade de retorno às cidades de origem, tendo em vista o atraso nos salários, caracterizaram a condição degradante a que estavam submetidos”, avalia a SRTE.
De acordo com o Bahia Notícias, a empresa foi notificada para regularizar os problemas encontrados nas frentes de trabalho, proceder o registro das dezenas de trabalhadores encontrados sem carteira assinada, bem como efetuar as providências para pagamento das rescisões dos nove trabalhadores que foram resgatados, e o retorno às suas cidades de origem.
Segundo o chefe da Fiscalização do Trabalho na Bahia, Marcelo Xavier, a ação ainda está em curso e a empresa será autuada por cada infração constatada.