Imagem: Ilustrativa | Youtube |
Por Sergio Marcone Santos
As instituições brasileiras estão trabalhando no limite. Executivo, Legislativo e Judiciário estão contando as vírgulas, debruçando-se sobre complexas análises sintáticas das leis e dispositivos para que a coisa continue andando. Mas não está fácil.
Temos um patrimonialismo que reina há séculos por aqui, e desfazer esse emaranhado não é tarefa simples. Tanto a direita quanto a esquerda sempre orbitaram em torno da vaca leiteira, o Estado. Acontece que nos últimos anos foram bezerros muito vorazes que mamaram naquelas tetas, e o resultado todos sabemos: o leite secou.
O leite secou, mas a beligerância política não. Nossa ignorância também não. Está aí o descompasso. Os novos ares impostos pela população a partir de 2013, sobretudo através de manifestações, e as ações do Judiciário no intuito de fazerem uma assepsia em nossa mentalidade (sim, o intuito é esse: limpar sua cabecinha, nobre leitor), são, até certo ponto, normais, mas qual uma montanha-russa, nos dá aquele friozinho na barriga.
Não é coisa simples administrar esse caos. Nenhum dos fatos que ocorrem várias vezes durante o dia podem ser julgados isoladamente. Temos que ter a frieza de um Hercule Poirot para tentar (eu disse tentar) compreender o que está se passando.
Nesses últimos dias, a luta foi para manter a institucionalidade, ou seja, para que os Poderes pudessem assentarem-se, digamos, tranquilamente, para tocar o país. Caso não houvesse essa preservação, o que seria da Nação? Como as instituições estão trabalhando com uma elasticidade nunca vista, do ponto de vista dessa tentativa de preservar a Constituição, há algum exagero e até uma certa “liberdade poética” aqui e ali, afinal, estamos falando e lidando com homens cujos vícios são de há muito tempo.
Outro ponto do descompasso está em os políticos ainda não terem percebido que a sociedade é outra. De novo, falo do clamor popular nas ruas – aquele sem quebra-quebra e/ou invasões, posto que a luta, a priori, seja contra o “abstracionismo” que permeia o Estado, por isso inteligente, e não contra TVs ou bancos, que, por também orbitarem o Estado, prova que de nada adianta matar o cupim no telhado se não o fizermos em seu ninho -, e as redes sociais (aqui, tirem os histéricos, que gostam de apanhar). Ambos têm feito um trabalho importante cujo sinhozinho deputado ou o capataz senador ainda não se aperceberam. Vide que, após o povo ir às ruas no domingo, 4, o presidente do Senado, Renan Calheiros, tremeu no campanário de seu feudo alagobrasiliense. Portanto, acordem para cuspir, senhores!!!
Quanto à nossa ignorância... olha, vou te contar uma coisa...
Não... deixa prá lá...
Sergio Marcone Santos é formado em Letras Vernáculas pela Uefs e pós-graduando em Comunicação em Mídias Digitais pela Unifacs. |
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