Imagem: Ilustrativa | Eu sou famecos |
Por Sergio Marcone Santos
Uma diferença básica entre o pensamento conservador e o progressista é que o primeiro tem no passado a chave para o sucesso do presente, enquanto que o segundo planeja para um futuro. Um é identificado com a direita, o outro com a esquerda. Esses eram os lados em que ficavam os membros da Assembleia Nacional na França setecentista. À direita ficavam os que eram a favor da monarquia (queriam, pois, conservar esse regime), à esquerda os contrários.
Ambos se acham o oráculo para que consigamos o progresso e a equanimidade social, portanto, presunçosos. Nenhum dos dois lados aceita que você, leitor, não concorde com alguns de seus dogmas. A essas pessoas dão o nome de “isentões”, uma forma edulcorada do que antes era conhecido como “alienado”. Ou seja, ou você é Fla ou é Flu, nunca Bangu.
Que coisa chata.
2016 é um ano incrível. Um ano de máscaras caídas. Um ano que prova que o instituto da mentira entrou numa era de pouca durabilidade. O “último capítulo da novela”, em que, enfim, descobriríamos quem matou Odete Roittman, passou a ser exibido praticamente todos os dias. Sabemos “full time” quem mata nossa saúde, nossa educação, nossas vidas. E isso não se restringe só a políticos, mas também a mim e a você.
Estar à direita ou à esquerda adianta pouco nesse momento. É claro que é importante ter simpatias por determinadas ideias, afinal estamos (ainda) vivos, mas o que entra no jogo são fatores universais, como amor, compreensão e compaixão. Porém, sempre submetemos esses sentimentos/atitudes à nossa ideologia, ou seja, só damos o “start” a eles se for aprovado primeiro pelo nosso índex ideológico. Um equívoco.
O que estaria havendo nesse momento é uma convocação para que despertemos para nossas limitações, e que as ajustemos durante a caminhada de vida. Ao contrário do que muitos pensam, períodos de profundas crises são oportunidades para que saiamos da letargia para a ação e, ao invés do que julgam esquerda e direta puros-sangue, essa reação está em você e em mim, em cada um de nós. Nossas convicções e crenças que buscam no outro o bem estar é a melhor forma de ser “coletivo”. Assim, não anulamos nosso eu em nome de boas causas, quando, geralmente, temos que seguir um “guia”. Aliás, esse papo da “busca de um mundo melhor” é furado. Um mundo melhor não é um “projeto de ong”, ele está em nosso senso ético, em nossa educação, em nossa fé, evitando o que nos desequilibra e o que fazemos que possa desequilibrar os outros. Desconfiemos dessas propostas que prometem “um futuro melhor”, pois não demos procuração a ninguém para decidir sobre ele. Ele nos pertence, portanto, o façamos!!!
Jesus Cristo falou a todos e para todos com marcas discursivas que desbordam no tempo. A Ele interessa o lado do Bem (acredite, ele, o Bem, existe; mas não é maniqueísta. “Portanto, sujeitai-vos a Deus. Resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós!” Tiago, 4-7. Só se resiste ao que está bem próximo: em nós?), e cabe a nós nos identificarmos e seguir essa força. Interessa-Lhe o seu coração, portanto, examine-o. A Sua mensagem é a de que vivamos sofrendo e chorando pelo outro; mas também sorrindo e cantando, pois, vivemos em Sua graça.
No Natal comemoramos Seu nascimento, portanto, é tempo de alegria a despeito de tantas mazelas. Por isso a presença de Cristo nos é tão importante, imprescindível.
Ele não está somente à esquerda e à direita de nós: está em todos os lados.
Feliz Natal!
Sergio Marcone Santos é formado em Letras Vernáculas pela UEFS e pós graduando em Comunicação em Mídias Digitais pela Unifacs |
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