Estaleiro Enseada do Paraguaçu | Foto: Rubem Júnior (Diário da Notícia) |
A Enseada Indústria Naval S.A. protocolou na última sexta-feira, 27 de janeiro, o pedido de Recuperação Extrajudicial (RE) junto ao Poder Judiciário do Rio de Janeiro, que tem como objetivo reestruturar, de forma ordenada, a dívida da Companhia perante determinados grupos de credores. A medida visa também criar um ambiente mais estável para a empresa, possibilitando um foco ainda maior na continuidade das atividades, bem como na atração de novas oportunidades de negócios e parcerias com clientes, investidores e fornecedores, garantindo a retomada da operação do estaleiro e a geração de empregos em seu entorno.
A RE auxilia ainda no processo de diversificação da Enseada, na medida em que dá mais conforto e segurança aos potenciais clientes, investidores e fornecedores na relação comercial com a empresa.
Os termos desta RE foram definidos em comum acordo com um grupo relevante de credores da Companhia, representando mais de 64% do valor total da dívida reestruturada, o que demonstra a credibilidade da empresa junto a estes credores, bem como a sustentabilidade não somente deste Plano de RE, mas também do plano de negócios da Companhia.
“O fato de termos um ativo praticamente concluído, testado, com tecnologia de ponta e instalações de última geração, além de permitir diversificar nossas operações, passou confiança aos credores para aderirem ao plano. Acreditamos que esta medida seja plenamente sustentável e estamos muito confiantes que, com a implementação desta RE, conseguiremos estabilizar a dívida da Companhia e focar na conquista de novos projetos e na retomada de nossas operações industriais na Bahia”, explica Fernando Barbosa, presidente da Enseada Indústria Naval.
Contexto da indústria naval – Após mais de uma década do recomeço da indústria naval e de bilhões investidos, o setor volta a conviver com falta de contratos, estaleiros fechando as portas e perda de capacitação. Os estaleiros são vítimas de um processo de interrupção abrupta de uma política industrial criada e estimulada pelo Governo Federal, que previa a retomada da indústria naval.
Em um ano e oito meses, o número de trabalhadores ativos nos estaleiros brasileiros diminuiu 36,5%, caindo de 71,5 mil para 45,4mil, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Isso representa a metade dos 82,5 mil empregados que havia no setor quando este se encontrava no auge, em 2014.
Diante deste cenário, a Enseada Indústria Naval S.A. está promovendo o seu reposicionamento estratégico com apoio do Governo do Estado da Bahia, diversificando suas áreas de atuação, mas preservando seu foco empresarial, que inclui a indústria de construção e a reparação naval e offshore.
A empresa está adicionando novas atividades ao seu Plano de Negócios, como aquelas voltadas para o segmento de logística e ao estabelecimento de parcerias industriais para produção, fabricação e montagem de estruturas metálicas, com potencial diferenciado para a indústria de geração de energia eólica. O complexo industrial da Enseada encontra-se licenciado e operacional, ou seja, pronto para retomar sua atividade industrial.
Fonte:Zevaldo Maragogipe