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Nos últimos três anos, o valor da inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) subiu 234,3%. Em 2014, aquele que quisesse fazer a prova necessitaria desembolsar R$ 35. Este foi o último ano da inscrição neste valor, já que, a partir de 2015, começaram sucessivos aumentos na taxa.
Em 2017, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que conseguir se inscrever no Enem ficaria mais dispendioso: o valor foi reajustado para R$ 82. Ao mesmo tempo, a pasta também endureceu as regras para que as pessoas com baixa renda pudessem obter isenção na taxa de inscrição. Nas redes sociais, as críticas foram imediatas, e muitos lamentaram que não conseguiriam pagar este valor e, talvez, não conseguissem isenção por causa das regras mais rígidas.
Para ajudar estas pessoas, um grupo teve uma ideia nobre. Decidiu realizar uma festa para arrecadar recursos e, assim, pagar a inscrição daqueles que não têm condições financeiras de fazê-lo. De acordo com Alan Costa, a iniciativa partiu das estudantes Milla Carol e Jéssica Dantas. Eles integram coletivos que produzem festas como a “Tombo”, “Batekoo”, “Afrobapho” e “TBT”, voltadas para o empoderamento negro, feminino e LGBT.
A ideia deles foi juntar todos os eventos e realizar a festa “Quebrança, fala comigo Enem”, uma forma de ajudar as pessoas que querem ter a chance de chegar ao Ensino Superior.
“A gente viu nas redes sociais muitos amigos reclamando do preço da inscrição do Enem, dizendo que não conseguiria isenção e não conseguiria fazer o pagamento. A gente acredita que a visibilidade das três festas vai conseguir arrecadar um bom dinheiro. Todo o dinheiro arrecado será para benefício dessa campanha”, explica Alan, em entrevista ao Bahia Notícias.
Para selecionar os que vão receber a ajuda financeira, os organizadores montaram um formulário de inscrição semelhante ao do Enem, que pode ser encontrado aqui. As inscrições estão abertas até o dia 19 de maio.
A festa acontecerá nesta sexta-feira (5), no Delicia’s Lounge, no Rio Vermelho, a partir das 23h. A entrada, com nome na lista, custa R$ 10 até meia-noite. Após este horário, também com nome na lista, o valor sobe para R$ 15. Aqueles que não incluírem o nome na lista pagarão R$ 20, em qualquer horário.
Na “Quebrança”, tocarão DJs já conhecidos daqueles que frequentam festas como Tombo, Batekoo, Afrobapho e TBT, que ganham cada vez mais importância no cenário cultural de Salvador. Militante da causa negra e LGBT, Alan avalia que o evento é importante, principalmente para possibilitar a entrada de pessoas da periferia nas universidades, algo que aumentou com a adoção de políticas afirmativas nos governos Lula e Dilma Rousseff.
“Nos últimos anos, acompanhamos um aumento de pessoas negras, de periferia, nas universidades. Nesse período da política, do governo Michel Temer, vemos que as medidas aprovadas vão afetar a população mais pobre. É uma medida de higienização de espaços. Temos que combater isso”, defendeu.
Para mais informações sobre a festa, acesse aqui.