Foto: Evaristo Sá/AFP |
Por Sérgio Jones*
Quero crer que só exista uma explicação minimamente plausível e lógica que possa justificar o grau de tolerância do povo brasileiro com elementos execráveis encastelados no poder por tanto tempo. São muitos, mas no momento vou me ater à figura deplorável do ministro Gilmar Mendes por ser ele, reconhecidamente uma parte da banda podre da maçã, há quem afirma que não se trata apenas de uma banda, mas de toda a maçã. Entenda-se por maçã o judiciário brasileiro, instituição também fortemente contaminada pela corrupção e uma série de outras improbidades. Agora entendo porque a justiça é cega, no nosso caso específico ela não é só cega, deve ser destituída dos cinco sentidos que são dotados nós seres humanos. Só dessa maneira se explica a forma abusiva e desrespeitosa com que estas autoridades tratam e dispensam ao povo deste país.
O controle do Timão desta nau chamada Brasil já não demonstra ter nenhuma serventia, a nação continua à deriva. Enquanto isto, o povo com seu comportamento bovino continua ruminando todo o tipo de arbitrariedades de forma passiva. Talvez, este nível de tolerância bestial se deva ao baixo grau de politização da população que ainda abriga, no inconsciente coletivo, resquícios de uma sociedade escravocrata que os impede psicologicamente de se livrar dos grilhões que nos mantêm presos a um passado perverso e que historicamente envergonha a todos nós. Grilhões estes, que nos prenderam por séculos ao Capitão do Mato e por extensão aos Senhores de Engenho.
Enquanto o povo continua mantendo a sua vida de gado, povo marcado, povo feliz, o ministro Gilmar Mendes continua tripudiando e vivendo dos despojos malcheirosos que ele e seus cúmplices, existentes nas mais diversas esferas de governo, transformaram a nação brasileira. O caso mais recente desta hiena da classe necrófaga, ao contrário as similares existentes nas savanas africanas na qual desempenham papéis importantes e necessários na cadeia alimentar. Continuam a fazer estragos, sendo um dos mais recentes a sua sinistra atuação no processo no qual concedeu liberdade ao empresário Jacob Barata Filho. A hiena do judiciário foi padrinho de casamento da filha de Barata. O mais hilário foi à nota emitida pela assessoria do ministro que usou como justificativa o argumento de que o contato com esta família só ocorreu no dia do casamento. Além de alegar que o fato não se enquadra nas regras legais que determinam o afastamento de um magistrado para julgar uma causa em função de relação íntima com uma das partes. Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.
*Sérgio Jones é jornalista formado pela FACOM-UFBA
As opiniões emitidas e assinadas no site Diário da Notícia são de inteira e única responsabilidade dos seus autores.