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Por Sérgio Jones
A desfaçatez e a ignomínia do povo brasileiro não encontra parâmetro, ao longo da história, que explique tamanha aberração que vem sendo perpetrada pelas instituições brasileiras, em especial o judiciário e a classe política, ambas são signatárias do que se pode considerar como iniciativas de governo que devem ser avaliadas como as mais torpe que se pode perpetrar contra a humanidade.
Podendo citar como exemplo, mais recente, a decisão que contrariou a medida adotada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que afastou do mandato parlamentar, no último dia 26, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O Plenário do Senado ao decidir, nesta terça-feira (17), reconduzir o tucano ao cargo.
O placar da votação sinalizou com 44 senadores a favor da volta de Aécio e 26 senadores contra o retorno do tucano à Casa. O que demonstra que atualmente o mal vem ganhado, com larga folga, toda e qualquer tentativa de redimir uma nação e seu povo, que já padece há séculos de todos tipos de mazelas sociais que têm sua mancha indelével, nas páginas de sua triste história. O modelo de sistema escravocrata que até hoje permanece com uma nomenclatura, menos infame e conhecida como trabalho análogo a escravidão.
Retrocesso histórico
O desgoverno do Michel Temer promoveu retrocesso histórico ao publicar uma portaria nesta segunda-feira (16), estabelecendo que a divulgação da chamada "lista suja" de empresas que usam trabalho escravo agora passa a depender de "determinação expressa do ministro do Trabalho". Antes, não existia necessidade de tal aprovação para a divulgação dessas informações. A portaria de maio de 2016 definia que a organização e divulgação do Cadastro ficaria a cargo da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae).
Tal medida, que só poderia partir de um governo despótico, fica clara e cristalina que tem como objetivo oferecer aos ruralistas, ou pelo menos parte deles, uma espécie de vale tudo onde permite que certos empresários descompromissados com a trabalho decente, se utilize de um salvo-conduto para aumentarem as suas margens de lucros, que já são consideradas imorais. No decorrer dos anais de nossa história tivemos mão de obra escrava no Brasil Colonial, escravidão no Brasil Imperial e atualmente contamos com mão de obra escrava no Brasil Republicano capitaneada sob a batuta do desgoverno de Michel Temer. Todas estas aberrações sociais se sucedem sem que tenhamos de obedecer qualquer parâmetro, minimamente comprometido com a decência e os valores morais, que devem nortear uma nação com um nível mínimo de civilidade.
Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)
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