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Há oito edições movimentando a cena cultural no Recôncavo Baiano, o CachoeiraDoc será descontinuado este ano, por falta de patrocínio. “As forças nefastas se alastram, o golpe se adensa e, perplexos, vamos reajustando nossas crenças, buscando caminhos para restaurar nossa capacidade de reação. Certamente, não há momento pior para anunciarmos que, este ano, o CachoeiraDoc não se realizará”, anunciou a produção do festival, por meio das redes sociais.
A organização explica que no primeiro ano, 2010, o projeto teve apoio financeiro do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) e que a partir de 2013 foi contemplado pelo edital de eventos calendarizados, garantindo sua realização por quatro edições. Após este período, na segunda convocatória, no entanto, o CachoeiraDoc não foi contemplado sequer como suplente.
"Apesar das solicitações feitas [à Secult], ainda aguardamos um parecer para que sejam compreendidos os motivos", diz o texto. “Neste mesmo ano, concorremos e fomos contemplados pelo edital setorial de audiovisual que assegurou a realização do evento em 2017. Desde então, não foram lançados, pelo Governo do Estado da Bahia, novos editais setoriais de modo que se tornou inviável contarmos com os recursos que assegurou nossa existência até aqui e, portanto, mantermos o cronograma de realização do CachoeiraDoc”, argumenta a organização do evento, destacando a dificuldade de conseguir apoio junto à iniciativa privada e também do governo federal.
“Entre as grandes empresas que patrocinam cultura no país não se aposta em festival de documentário numa cidade do interior do nordeste brasileiro cujo retorno midiático não é garantido. As linhas de financiamento federal parecem seguir a mesma lógica comercial, o último edital da SAV para festivais, por exemplo, exige um retorno financeiro do investimento, inviável para um evento como o nosso”, criticam, afirmando que diante da situação “uma pausa se impôs e o primeiro e mais importante evento do Nordeste dedicado ao documentário está sob o risco de desaparecimento”.
O texto destacou ainda a importância do festival para o desenvolvimento regional, ao longo de seus oito anos: “O CachoeiraDoc tem acontecido em dos raros cinemas de rua em operação no interior do estado da Bahia, reunindo estudantes, pesquisadores, cineastas, artistas, comerciantes, professoras, para assistir filmes de todo o Brasil, debater e pensar a vida através do cinema. Ao mesmo tempo em que desenvolveu projetos de extensão para as comunidades locais, o CachoeiraDoc fez de Cachoeira um lugar de encontros e intercâmbios, de onde se tem interrogado e instigado o cinema produzido no Brasil, colocando a Bahia na rota dos eventos cinematográficos mais respeitados do país”.
O anúncio foi recebido com consternação pelo público, além de profissionais e artistas do audiovisual. "Muito triste! Estamos na mesma situação!", comentou o cineasta ipiauense Edson Bastos, idealizador do FECIBA - Festival de Cinema Baiano.
“A cada dia vejo o poder político e aqueles que governam nosso Brasil, fazer merda e me entristece ver um evento tão lindo e importante como o CachoeiraDoc não ser realizado. E eu me pergunto Aonde esse Fundo de Cultura da Secretária de Cultura do Estado da Bahia está sento usado?”, questionou o ator e dançarino Alderivo Amorim.
Fonte: BN