Fotos: Reprodução | Recôncavo Online |
Um patrimônio de valor incalculável para cidade de Cachoeira está prestes a se perder por falta de apoio dos poderes públicos. O Instituto Roque Araújo de Cinema e Audiovisual (IRA), mais conhecido como Museu do Cinema de Cachoeira, deve fechar as portas e todo seu acervo ser transferido para Salvador.
O idealizador Roque Araújo, mostra a situação precária do local: infiltrações e goteiras por todos os lados, portas caindo aos pedaços, mofo e umidade tomando conta do lugar, evidenciando o descaso dos poderes públicos com a história do cinema baiano e brasileiro. Principalmente da Prefeitura de Cachoeira, já que o espaço é um ponto turístico da cidade que, nos últimos quatro anos, recebeu mais de 50 mil visitantes, como mostra o livro de registros do Museu. Em julho desse ano a UFRB se comprometeu em ajudar o funcionamento do museu através de um termo de cooperação entre o Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB com o Instituto Roque Araujo, no entanto, nada foi feito.
O fundador continua empenhando todos os seus esforços para manter o Museu na cidade, usando recursos do seu próprio bolso para manter uma instituição de utilidade pública, que muito acrescenta para cidade.
Fechando as portas todo equipamento histórico do Museu de Cinema será transferido para o novo Museu instalado no Pelourinho em Salvador, cujo prédio foi doado pelo IPAC ao Senhor Roque Araújo.
Museu do Cinema conta a história da sétima arte em solo baiano – Roque Araújo era chefe de obras do Teatro Castro Alves, em 1958. Num dia de trabalho, o cineasta Roberto Pires pediu autorização para gravar um filme na construção. O que ninguém poderia imaginar é que desse encontro surgiria uma parceria que renderia filmes como “Redenção”, primeiro longa rodado na Bahia, e “A Grande Feira”. De eletricista, passou a assistente de câmera, assistente de direção e diretor de fotografia.
“Eu fui pego e colocado dentro do cinema”, brinca Roque Araújo que, desde o episódio, não largou a sétima arte. Há 60 anos no ramo, Roque integrou a equipe de “Barravento”, de Glauber Rocha, de quem se tornou inseparável, passando a trabalhar em todos os seus filmes, à exceção do curta “Pátio”.
Nestas seis décadas de ofício, Roque já viu e trabalhou com diversos equipamentos. O fruto dessa experiência é o Museu do Cinema, em Cachoeira, que guarda um acervo com 3.400 peças, como câmeras 16 e 35 mm, pau de luz, projetor de manivela, ilhas de corte e edição e dispositivos de áudio de diversas épocas. A primeira câmera do museu, por exemplo, data de 1910.
O motivo que levou Roque a criar o espaço é nobre. “No Brasil tem museu de tudo. De arte moderna, de arte sacra, de imagem e som, mas não tinha um específico de equipamentos de cinema e audiovisual. Eu quis montar um para que os alunos da periferia conhecessem a história da sétima arte.
Fonte: Recôncavo Online