Foto: Reprodução | Mulheres em Foco |
Por Sérgio Jones*
Dentre os vários assuntos abordados pelo competente médico Drauzio Varella, considerado como um dos grandes estudiosos e pesquisador dos problemas sociais brasileiro, em especial a setores concernentes à saúde. Os problemas sociais no Brasil são tratados pelas autoridades com cinismos e desapreço que a questão de tal importância exige. Principalmente para os segmentos menos favorecidos da sociedade, estes os mais sacrificados. No tocante ao problema do aborto, que já se tornou uma questão de saúde pública, o tema tem sido resultados de discussões homéricas entre os seus defensores e os contrários a sua legalização. Os contras se encontram principalmente entre as entidades de cunhos religiosos que não veem a gravidade do problema à luz da ciência. Elas tratam a questão baseados em dogmas religiosos.
“Quando uma mulher grávida resolve interromper a gravidez é porque ela tem um motivo muito forte para isso”. Segundo Varella é esse motivo muito forte vai fazer com que ela interrompa a gravidez, em qualquer circunstância. Quem nesta situação se torna vítimas? As mulheres pobres, que vão fazer o aborto em condições inseguras. Quanto as mulheres pertencentes à classe média vão fazer com médicos, talvez não em condições ideais, mas razoáveis. “O aborto no Brasil é, na verdade, livre, desde que você tenha dinheiro para pagar por ele”, garante o estudioso e pesquisador do assunto.
Com relação a existência de um PEC – Proposta de Emenda à Constituição - parada nos escaninhos do Congresso que quer proibir a prática do aborto em circunstância legal. Ele atribui este comportamento pelo simples fato do Congresso Nacional ser formado, em sua grande maioria por homens. E afirma, gravidez é um processo feminino. E que o papel dos homens, neste caso específico é irrelevante.
A anistia Internacional defende que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos, e não criminal. No Brasil as estimativas mais otimistas apontam que em torno de um milhão de mulheres se submetem a fazer abortos clandestinos todos os anos, e cerca de 200 mil morrem em consequência da operação. Para o cientista político e assessor de Direitos Humanos da Anistia Internacional Brasil, Maurício Santoro, a criminalização da prática é um problema grave e principalmente de discriminação socioeconômica.
Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)