Opinião: Prefeitura acaba com a Feira do Porto e adota o slogan: "Cachoeira. Tesouro Cultural da Bahia".

Foto: Arquivo
*Por Alzira Costa
A secular feira de produtos juninos, que acontecia na véspera do São João na margem do Rio Paraguaçu, na área do cais, e que deu origem a grande festa que é realizada atualmente desde a década de 1970, acabou. Os produtos eram transportados da região do Vale e da Bacia do Iguape em Saveiros até o porto de Cachoeira, onde eram comercializados ali mesmo, desde a madrugada do dia 23 de junho.

Sem nenhum esforço para manter viva a tradição, prepostos da prefeitura afirmam que "são os produtores que não querem ir mais para o porto". O que não é verdade. Na realidade, falta apoio e empenho por parte do poder público,para revitalizar a feira, pois há dois anos, foi realizada no porto, nas imediações da rodoviária com o sucesso de vendas, segundo os próprios produtores.

A antiga feira reunia pequenos agricultores da zona rural que comercializavam no porto, cana, laranja, amendoim e outros produtos da colheita junina. Era uma tradição das famílias cachoeiranas irem para a feira à noite comprar os produtos para suas casas. Além da população, a feira também atraia turistas e moradores de cidades vizinhas.

Preocupados com a espetacularização dos festejos juninos, sufocando as manifestações culturais populares, os organizadores do evento têm preferido desprezar as origens e igualar a programação a de outras cidades, sem qualquer diferencial. Em Cachoeira, predomina uma política de descaso total pela preservação do patrimônio cultural material e imaterial.

*Alzira Costa, jornalista.
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