Opinião: Vai votar em Haddad porque Lula mandou?

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Por Teodoro Sampaio Gurgel Gouveia Mauá da Silva*
É triste ver os limites da “política”, da “consciência” e da “razão”. Falar que vota apenas por causa do outro, em pleno século XXI, sociedade digital, em que o conhecimento pode ser acessado em segundos, soa esquisito. Será que regredimos no intelecto?

Vivemos um momento anormal da Democracia brasileira. Exemplos podem ser listados para mostrar o atual Estado de Exceção, como fazer uma revista íntima em um Reitor eleito de uma Universidade Pública, que cometeu suicídio pela humilhação sofrida. Ou ainda a prisão de Lula, para além das regras legais e provas. O ex-presidente pode ter cometido erro político/administrativo, sim, pode, mas que se faça um processo sério e não algo político-midiático. Todavia, eis que a história apresenta sua encruzilhada particular. O que fazer diante do avanço do conservadorismo nunca visto após ditadura?

Apostar em um candidato que é desconhecido, que foi derrotado em São Paulo, que hoje não conseguiria nem ser eleito Senador, que é um intelectual “tradicional”, que pouco dialoga com o povo? Apostar apenas porque Lula mandou, que usa uma máscara no rosto para mostrar que é Lula, tentando ludibriar as pessoas? Seremos rasteiros tal qual aquelxs que (re)constroem a história a seu favor? Não se pode ter “consciência crítica”? A “cúpula” do PT proibiu de pensar? Vão apostar tudo em um candidato que foi “ungido” pelo “mito” apesar das evidências? Por que Haddad e não outro/a com mais popularidade?

Estão esquecendo do Povo Brasileiro, dos quase 14 milhões de desempregados, 60 milhões de endividados, outros milhões no trabalho informal/precário, vivendo de bicos ou no desalento, da juventude negra exterminada ano a ano, da seca no Nordeste, dos povos tradicionais/rurais, dos direitos dos grupos LGBTs, dos índios, feminicídio, da Escola pública? Política não é “religião”! Política não é o reino da fé/crença ou do sobrenatural, mas é o lugar dos fatos e propostas.

Acham certo Ciro ser rotulado como “direitista” e “sem confiança”, porque não veio do núcleo “duro” do PT ou porque é autônomo e tem bases firmes de compreensão do mundo? Ele é o político com melhor trajetória hoje e que vem crescendo nas pesquisas, após o golpe contra Lula, e que tem popularidade e propostas de transformar o país e barrar o entreguismo ao estrangeiro. Ciro é um nacionalista de perfil esquerdista. É uma pessoa digna e que defende desenvolver o país, qual o mal nisso?

Defende taxar fortunas, grandes heranças e dividendos de milionários, fortalecer o Banco do Brasil, Caixa e Petrobras, assim como revogar a reforma trabalhista, que mais parece uma nova “escravidão” (veja a proposta de governo completa aqui).

A questão é: por que o PT rejeita Ciro e fez/faz tantas alianças podres, inclusive com o presidente golpista e não quis fazer com um ex-ministro? Por que Lula não avançou mais? Por que não fez ações para frear o superlucro dos bancos? Por que se aliou com o que havia de pior, Cunha e Temer? O PT ficou no poder por quase 15 anos, não foi suficiente para uma transformação estrutural, a começar pela reforma agrária?

Não podemos vacilar com os erros e fatos, a história ensina, não perdoa. Mito é aquele que nunca erra, uma lenda, acima do bem e do mal, logo, que não deveria nem acreditar na justiça que o perseguiu, não é verdade? Apesar de ser um grande líder, Lula não está mais na eleição. A água já está no pescoço. Não podemos errar.

*Nome fictício que homenageia grandes pensadores e nacionalistas desenvolvimentistas do Brasil de outrora. 
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