Foto: Bruno Concha |
Dois assaltos em ônibus foram praticados nos últimos dias por pessoas que se passam por ambulantes antes de anunciar o crime. Os casos foram divulgados pela Polícia Militar e podem continuar se repetindo por conta da falta de controle no acesso de vendedores aos coletivos.
Ao Bahia Notícias, nem a prefeitura, nem a Integra - associação das empresas que operam o sistema de ônibus na cidade - disseram ter uma ferramenta para minimizar essas ocorrências.
O gerente de comunicação e atendimento da Integra, Cláudio Malamut, aponta que esse problema não é de responsabilidade das empresas. "É uma coisa que é dificílima ter o controle. Não há como controlar", disse sobre o acesso de vendedores ambulantes nos veículos. "Infelizmente tem até pessoa que se passa por passageiro para assaltar. A gente está vivendo numa época difícil", comentou.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, comentou que toda a operação dos ônibus, incluindo um eventual controle de acesso aos ambulantes deve ser feito apenas pela Integra. "É direto com as concessionárias", afirmou. Por outro lado, Malamut alega que estão autorizados a entrar nos coletivos os vendedores que possuem registro junto à prefeitura. "Esse registro é todo na prefeitura", argumentou. No entanto, ele reconhece que não é possível para as empresas fazer essa verificação nos veículos. "Cobrador e motorista não têm como controlar esse acesso", explicou.
O órgão da prefeitura que realiza um registro dos ambulantes que atuam na capital baiana é a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). Mas o titular da pasta, Marcus Vinícius Passos, justifica que os trabalhadores que atuam nos ônibus não estão sob sua responsabilidade. "Esse ambulante de coletivo não é responsabilidade nossa. Esses ambulantes são credenciados pelas próprias empresas e pela Semob", disse ao Bahia Notícias.
COMO IDENTIFICAR?
Diante da transferência de responsabilidades, o certo é que ainda não há uma forma clara para os cidadãos notarem se os ambulantes que estão na rua são registrados ou não junto à prefeitura.
Segundo o secretário da Semop, a gestão municipal busca mudar isso em breve com um cadastramento de todos os trabalhadores informais e a distribuição de material de identificação. Está em fase de licitação a compra de crachás e coletes que deverão ser usados pelos vendedores. "Cada segmento vai receber um colete de uma cor diferenciada. Iniciamos no centro histórico essa padronização", afirmou Marcus Vinícius. "Nossa intenção é que a a partir de janeiro todo Centro Histórico esteja cadastrado e identificado", disse.
A Semop tem cerca de 12 mil ambulantes registrados na cidade.
Contudo, diante da recente crise econômica no país, a estimativa é que outros 38 mil, aproximadamente, estejam no mercado informal nas ruas de Salvador e sem qualquer tipo de cadastro junto à prefeitura. "Um pai de família, um cidadão que perde o trabalho formal, vai diretamente para o comércio informal", apontou Marcus Vinícius. "A secretaria está muito preocupada com isso", apontou. Segundo o secretário, esse problema vem fazendo a pasta ajustar sua atuação. "Hoje a gente faz um trabalho mais de ordenamento do que de exclusão dos ambulantes", explicou.