Foto: Divulgação |
Um diagnóstico de câncer e o tratamento que o sucede obrigam as pessoas a mudar suas vidas em torno da luta pela sobrevivência. E, muitas vezes, a energia gasta em consultas, exames, cirurgias e quimioterapia abala não somente o físico, mas também o emocional dos pacientes.
Então como lidar com esse turbilhão de sentimentos e novas perspectivas nesse momento? O que fazer após o diagnóstico? Interessada em ajudar outras mulheres a responder tais perguntas e encontrar a ressignificação para continuar, a coach
Carine Cidade criou em 2017 o projeto Inspire SER a partir de sua própria experiência de vida. Em 2004, aos 28 anos de idade, ela enfrentou a doença e passou por dilemas comuns às pessoas que vivenciam esse processo.
Inicialmente Carine reuniu um grupo de mulheres acometidas pelo câncer, que passaram a se reunir no Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB). "Apresentei ao Grupo Oncoclínicas a proposta de fazer coaching com algumas pacientes, tentando dar novas perspectivas e buscar o sentido da vida para essas mulheres que foram diagnosticadas com câncer", conta ela.
Sob sua supervisão, as mulheres tiveram uma série de encontros mensais trabalhando muitos temas e, em um deles, tiveram a ideia de deixar um legado para inspirar outras mulheres com suas histórias.
Assim nasceu a obra literária Inspire Ser – Mulheres e o Câncer, que reúne dez pacientes protagonistas de histórias inspiradoras. Para realizar esse trabalho, o grupo passou por dez oficinas de Comunicação e Criatividade coordenadas por Jacqueline Moreno, jornalista, organizadora e editora do livro, e contou com a participação de diversos profissionais, médicos e artistas.
Durante as oficinas, as dez protagonistas compartilharam experiências pessoais que deram vida aos oito capítulos. Pensamentos, sentimentos, emoções e preocupações e tantos temas muitas vezes ignorados nas conversas com médicos e que vão além da preocupação em tratar a doença.
"Tivemos uma oficina em cima de trabalhos como mapa de Empatia e Lego Serious Play refletindo sobre nossa missão ao contar as nossas histórias. Depois trouxemos Barbara Borba, uma talentosa atriz, que trabalhou corpo e voz e também falamos da experiência de escrever como forma de botar para fora o que sentimos.
Acompanhando isso de perto vi o quanto era necessário falar sobre a história pessoal envolvendo físico, emoção, espírito, sentimentos e expectativas e deixar que a história médica fosse contada e tratada pelos especialistas", testemunha a coach.
As experiências vivenciadas em dez encontros acabaram dando origem ao livro "Inspire Ser – Mulheres e o Câncer", que reúne relatos das integrantes dos encontros realizados no NOB. Nele, mulheres de diversos perfis compartilham histórias com temas como relacionamentos, carreira, espiritualidade, sexualidade e família.
"Quando a ideia do projeto literário tomou forma, a oncologista Clarissa Mathias, do NOB, sugeriu convidarmos outros profissionais do Grupo Oncoclínicas a participarem do processo de composição da obra.
A ideia foi rapidamente aceita e, partir dessa união
de forças, especialistas das diferentes unidades passaram a colaborar ativamente com os conteúdos, indicando dados importantes, como estatísticas que mostram as iniciativas propostas pelo projeto, como a meditação. Além disso, buscando outros
especialistas, até internacionais, como Shiri Ben Arzi - co-fundadora da metodologia de Medical Coaching que tem como propósito a restauração do paciente no processo de lidar com a doença", contextualiza Carine.
Histórias que curam histórias
A partir da experiência literária com pacientes na Bahia veio a proposta de expandir a iniciativa para outros territórios, o que levou ao surgimento de um modelo de replicação do projeto para todo o Brasil. Assim, o Inspire Ser já está sendo levado a outras cidades e, a partir de encontros via videoconferência, passará a reunir periodicamente pacientes nas diferentes unidades do Grupo Oncoclínicas, ampliando as trocas e debates, uma ideia que promete melhorar a vida de mulheres em todo o país.
"É extremamente importante criar esse conceito de que existe uma vida depois do diagnóstico e que essa vida pode ter uma qualidade até melhor que antes se a pessoa souber aproveitar os ensinamentos adquiridos durante o processo", afirma a oncologista Clarissa Mathias. "É inacreditável como a maioria das pessoas consegue se reinventar após o tratamento e seguir", completa.
"Sabemos que inspirando essas mulheres, as pessoas do seu entorno serão inspiradas", conclui Carine.
Fonte: Tribuna da Bahia