Hospital Municipal de Muritiba após reinaugurado se tornou Pronto Atendimento |
*Por Augusto Fagundes
Falo com a autoridade de quem nasceu e cresceu em Muritiba e de quem até pouco tempo, não possuía plano de saúde. Além disso, escrevo também na condição de quem já perdeu alguns entes queridos neste Hospital. Recentemente foi feita uma reforma na estrutura física do prédio do Hospital. Esta obra, apesar de necessária, não resolve o problema efetivo da saúde pública em nosso município. É preciso pessoal qualificado e principalmente, condições técnicas para os profissionais de saúde trabalharem.
Sabemos que um município com a receita de Muritiba, não pode possuir um hospital com o porte da nossa vizinha São Félix. Portanto, com o dinheiro dos impostos e do SUS, sempre teremos um posto de saúde, ao invés de um hospital. É preciso de criatividade para tirar a saúde pública municipal desta situação. Ressalvamos, que temos consciência que saúde pública não se resume apenas a uma emergência hospitalar, pelo contrário, se trata de algo, que deve ser pensado em conjunto, envolvendo: estímulo de atividades físicas, esporte, lazer, medicina preventiva e cuidados com a alimentação. Mas pensando no caso específico deste hospital, entendo que é possível melhorar consideravelmente seu funcionamento, sem tantos investimentos. Defendo as PPP's, Programa de Parceria Público-Privada. Deve-se aproveitar, por exemplo, a presença de instituições privadas de ensino superior na região, firmando convênios, para que os jovens estudantes venham estagiar no nosso hospital.
É possível também, de forma provisória, contratar através de licitação púbica, uma empresa de Biomedicina, para fazer exames laboratoriais no hospital, 24 horas por dia. Não obstante, o ideal seria um concurso público para contratação de pelo menos 3 biomédicos para atuar no hospital em regime de turnos. Pergunto a vocês isto é caro? Acredito que não! Aumenta a folha de pagamentos em cerca de 5 mil reais, e contribuirá tanto na medicina preventiva, fazendo exames matutinos de forma ambulatorial,ao mesmo tempo, em que atenderia os internados e os que chegam em mal súbito.
Sabe-se que um exame rápido, eficiente e barato para detectar um infarto , por exemplo, se dá através da coleta de sangue para verificação das enzimas. Observe que exemplificando apenas com a questão do profissional biomédico, seja, mediante a contratação de um laboratório local, seja através de um concurso público, ou ainda, através, de uma parceria Público-privada com a FAMAM, por exemplo, já se melhoraria substancialmente a qualidade do hospital.
Sabemos que com os recursos financeiros atuais, não se pode montar leitos de UTI em um hospital como o de Muritiba, mas é possível, com cerca de 70 mil reais aproximadamente, montar uma sala de terapia semiintensiva (Sala de estabilização), para que o paciente estabilize-se de uma situação aguda, como um infarto ou AVC, até poder ser transferido para um hospital de maior complexidade. Não deve-se investir em veículos, deve-se investir em equipamentos!
Sobre a contratação de profissionais, defendo a presença de sempre três médicos: Um clinico Geral, um cardiologista e um ortopedista, na impossibilidade de três, pelo menos, dos dois últimos.
Além dos médicos, e dos biomédicos citados, e da terapia semiintensiva, é preciso ainda equipamento de Raio-X e técnico de Raio-X 24 horas por dia.
Para o hospital funcionar hoje, precisa-se portanto de:
Equipe:
3 técnicos de Raio-X,
3 biomédicos (no minimo)
Além do clinico geral (que já se encontra tradicionalmente) 1 cardiologista, 1 ortopedista, 1 obstetra. Sobre este último, é algo extremamente necessário, caso contrário, os filhos de Muritiba, não serão muritibanos, pois continuarão nascendo em São Félix ou Cruz das Almas. Olha-se muito do ponto de vista da despesa, mas esquece-se que a cada parto ou procedimento, o SUS paga por isso, ou seja, é dinheiro que deixa de vir para Muritiba e para o povo muritibano e vai para São Félix e adajacências.
Os Equipamentos necessários atualmente são:
Unidade de Semiintensiva
Raio-X (funcionando)
Ultrassom- pelo menos 2 ou 3 vezes na semana
É fácil fazer o que estou propondo? Não! Mas é possível.
Existem neste texto medidas emergenciais, de médio e de longo prazo. As de longo prazo, por exemplo, pode ser a cópia de um modelo de gestão de um hospital de ponta da Bahia. Isso requer um melhor estudo, mas, por exemplo, trazer o modelo de Gestão das Santas Casas, da Fundação José Silveira, das Obras Sociais Irmã Dulce ou Hospital da Bahia, etc; ou ainda, terceirizar, concedendo à iniciativa privada (grupos empresariais na área de saúde) o direito de explorar o hospital por um determinado período de tempo (EX: 20 anos). Em troca, se garante o atendimento de qualidade ao cidadão muritibano de baixa renda de forma totalmente gratuita. para aqueles que tem melhores condições financeiras, se garante o atendimento parcial gratuito. Vocês muritibanos que podem pagar, não pagariam uma ultrassom de qualidade em seu município, caso ela existisse? O individuo cuidaria da sua saúde, sem precisar viajar e ainda financiava a melhoria da saúde pública local.
Por que a Cardioimagem em Cruz das Almas não para de crescer? Justamente porque cidades pequenas como Muritiba estão se omitindo numa questão que é fundamental, a saúde!
E para os muritibanos que tem plano, lembrem-se, doença não escolhe hora e Feira de Santana fica a cerca de 1 hora de viagem.
Os itens litados acima, são os requisitos necessários para poder se chamar a unidade de Saúde de Muritiba de Hospital, pois caso contrário, tal denominação é apenas força de expressão!
Faço uma observação: Esta crítica nem de longe é direcionada aos profissionais de saúde de Muritiba, que no meu entender são verdadeiros heróis, por conseguir trabalhar em condições tão adversas. Particularmente, quando precisei usar o hospital, sempre se mostraram muito humanos e prestativos, acontece que sem estrutura, as vezes é humanamente impossível fazer algo. O fato é que esta luta é de tod@s! Inclusive dos profissionais de saúde.
Alerto, que este fórum é imparcial no que tange a política partidária local, não tendo filiação com nenhum lado político. Além disso, não visa em hipótese alguma, atingir a imagem ou a honra de ninguém que seja. O objetivo é apenas tratar de assuntos de interesse público. E a saúde pública municipal, indubitavelmente, é um tema que grita por soluções mais consistentes e de longo prazo.
*Augusto Fagundes é Professor de História Econômica (UEFS), Graduado, Mestre e Doutorando em História - (UFBA)