Foto: Pedro Brodbeck |
Com o superfaturamento na construção da sede da Petrobras em Salvador (BA), os projetos e a obra do prédio passaram de R$ 320 milhões para R$ 1,3 bilhão, de acordo com a procuradora do Ministério Público Federal (MPF) Isabel Vieira Groba.
O superfaturamento é alvo de investigação da 56ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (23). O valor de R$ 1,3 bilhão informado pela procuradora é atualizado.Até o momento, 17 pessoas foram presas. Ao todo, há 33 mandados de prisão para 22 alvos. O número de mandados é maior do que o número de pessoas porque alguns dos investigados têm mais do que um endereço.
Três pessoas, conforme a Polícia Federal (PF), estão fora do país. Há ainda 68 mandados de busca e apreensão.
Veja onde há mandados de prisão:
Bahia – 6 preventivas e 9 temporárias
Minas Gerais – 1 temporária
Rio de Janeiro – 6 preventivas e 3 temporárias
São Paulo – 2 preventivas e 6 temporárias
Segundo a PF, os presos preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado, serão levados à Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Superfaturamento
Houve superfaturamento nos contratos de gerenciamento da construção, de elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia, de acordo com a PF.
De acordo com a procuradora do MPF, o superfaturamento foi acertado entre a Petrobras e o Fundo Petrobras de Seguridade Social (Petros) para bancar o esquema de propina.
A Petros se comprometeu a realizar a obra e a Petrobras, a alugar o imóvel por 30 anos.
O contrato de aluguel do imóvel começou em novembro de 2010 no valor de de R$ 3 milhões mensais. Desde então, o valor já foi corrigido e é atualmente de cerca de R$ 6,5 milhões mensais. "Isso gerou um compromisso financeiro de R$ 1,3 bilhão para a empresa", disse a procuradora Isabel Vieira Groba.
Segundo a Isabel Vieira Groba, os repasses indevidos do esquema estavam embutidos no valor do aluguel, calculado com base no custo total do empreendimento, e no valor superfaturado da obra.
O nome da sede da Petrobras, em Salvador, é Torre Pituba. O prédio foi construído pela OAS e pela Odebrecht – ambas já investigadas anteriormente pela Lava Jato.As duas empreiteiras distribuíram vantagens indevidas de, pelo menos, R$ 68.295.866 que representam quase 10% do valor do total da obra, segundo o MPF.
Os valores eram direcionados, segundo o PF, para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas para agentes públicos da Petrobras, do PT e dirigentes da Petros.
Segundo a Polícia Federal, parte da propina ao PT teria sido paga em espécie por meio de Marice Correa, cunhada do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.
De acordo com a procuradora do MPF Laura Gonçalves, o superfaturamento revela prejuízos a Petrobras, Petros e os segurados do fundo de pensão.
"Pessoas que depositaram toda a esperança da sua aposentadoria, de uma velhice tranquila, tem os seus valores geridos de forma fraudulenta e direcionados mais ao atendimento de interesses privados do que favorecer o interesse daquelas pessoas que realmente deveriam ser protegidas", afirmou a procuradora.
De acordo com o MPF e a PF, ainda não é possível estimar os prejuízos ao fundo e seus segurados.
O esquema de contratações fraudulentas e pagamentos de vantagens indevidas aconteceu entre 2009 a 2016, de acordo com o MPF.
O delegado da PF Christian Wurster disse que a investigação desta etapa da Lava Jato se iniciou por meio da delação de dois operadores ligados ao doleiro Alberto Youssef: Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.
Prisões
A PF não divulgou os nomes dos alvos de prisão, pois, até a última atualização desta reportagem, a operação estava em andamento.
Contudo, o G1 apurou que Marice Correa, cunhada de João Vaccari Neto, foi presa temporariamente em São Paulo.
Mario Cesar Suarez, da OAS, também foi preso, mas em caráter preventivo. A prisão dele ocorreu na capital baiana.
Já Wagner Pinheiro Oliveira, ex-presidente da Petros e Correios, foi alvo de busca e apreensão no Rio de Janeiro.
Fonte: G1