Foto: Romildo de Jesus |
Graça e devoção pela 'Santa da Visão' marcaram a festa de Santa Luzia, realizada nessa quinta-feira pelas ruas da Cidade Baixa. Milhares de fiéis se reuniram na Paróquia Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia, no Comércio, para festejar a padroeira dos oftalmologistas. Ao longo do festejo, marcado por missas e procissão, uma tradição especial: lavar os olhos na gruta onde mina água desde o século XVII.
Em entrevista à Tribuna da Bahia, o pároco José Ribamar comentou sobre as homenagens à santa. "É uma festa muito antiga, que já está aqui nessa igreja há mais de 300 anos. As pessoas que aqui vêm são agraciadas porque acreditam.
Nós temos fé, quando temos fé, recebemos os milagres, a graça", disse.
E complementou sobre a tradição que os fiéis mantêm de receber a benção com água benta, além de levar garrafas para encher com a água que sai da fonte que fica na área externa da paróquia, onde corre água diariamente.
"Essa é uma tradição belíssima e de fé. Quando vemos essa multidão, vemos a fé muito clara. Vem gente de muito longe, cansado, de muleta, de cadeira de rodas. Acreditam em Santa Luzia. Ao lavar os olhos, recebem sempre esse benefício celeste. Há muitos depoimentos de milagres, graças alcançadas aqui. O povo volta dando seu testemunho de que ficou curado. Lavando os olhos na água de Santa Luzia com certeza terá a graça de Deus", afirmou o padre José Ribamar, que define Santa Luzia como uma jovem de coragem que deu a vida pela sua fé.
Entre os católicos que foram agradecer e pedir bênçãos nessa quinta-feira estava a aposentada Jacira Alcântara, de 84 anos. "Já não enxergo mais direito e vim pedir proteção e saúde. Pedir ajuda com a visão. Nossa Senhora é uma só e Santa Luzia é nossa mãe também", contou ela, acompanhada de sua vizinha, Iraci Lorenço, de 69 anos. Ambas saíram de Massaranduba para acompanhar os festejos.
Marcada por diversas missas ao longo do dia, o ponto alto das celebrações ocorreu pouco depois das 11 horas, quando foi iniciada a procissão com imagem da santa pelas principais ruas do Comércio. Pouco antes, houve Missa Solene presidida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida.
História - Você conhece a história de Santa Luzia? Nascida em uma família rica e cristã, na cidade de Siracusa – Itália, no ano de 283, Luzia era considerada como uma das jovens mais belas da região.
Aos cinco anos perdeu o pai e cresceu sob os cuidados da mãe, que sofria de graves hemorragias.
Certo dia, ao peregrinar na cidade de Catânia, Luzia e a mãe acompanharam o Evangelho pregado durante uma missa, o qual falava sobre a cura da mulher que padecia de hemorragias. A jovem, então, pediu ao Senhor que a mãe ficasse curada e foi rezar junto à imagem de Santa Águeda. No mesmo instante, a cura aconteceu.
Ao chegarem a casa onde elas moravam começaram a distribuir todos os bens aos pobres. Percebendo que Luzia e a mãe eram cristãs, um jovem que vivia no local denunciou-as ao prefeito de Siracusa, que as enviou ao Imperador Diocleciano.
Como Luzia se mostrou firme diante da fé que carregava, acabou sofrendo inúmeras crueldades. Vendo que não seria possível convertê-la, Diocleciano mandou jogá-la numa casa de prostituição, mas ninguém conseguia tirar Luzia do local onde ela se encontrava, seus pés ficaram firmes no chão.
Tentaram queimá-la viva, mas as chamas nada fizeram contra ela. Por fim, os soldados arrancaram-lhe os olhos e os entregou em um prato à jovem. No mesmo instante, na face de Luzia, brotaram outros olhos. Vendo que nada a fazia renegar a fé em Jesus Cristo. Mas mandaram degolar a menina em 13 de dezembro de 304. A partir deste dia teve início a devoção à Santa Luzia, primeiro na Itália e depois por toda a Europa. Atualmente ela é conhecida como a “Santa da Visão”.
Fonte: Tribuna da Bahia