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Em contrapartida à recente crise hoteleira, o cenário do turismo em Salvador tem sido positivo nos últimos meses. De acordo com o presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran, o balanço deste ano ainda não foi fechado, mas a estimativa é de que o setor tenha um crescimento de 13% em relação a 2017. No ano passado, segundo Duran, o aumento foi de 10% em comparação com 2016.
Roberto Duran aponta a requalificação do Centro Histórico e a criação de novos ambientes para hospedagem na região como dois dos principais fatores que impulsionam a melhoria no cenário.
Segundo o empresário, as ações realizadas no centro de Salvador "atualizaram o turismo da cidade para o século 21", expandindo o público-alvo, com turistas de diferentes locais e poderes aquisitivos.
"O Centro é um dos sete pontos mais importantes da cidade. Inegavelmente, é nosso grande referencial histórico. Com a requalificação, é atraído para o centro um novo perfil turístico. O perfil de um turista com um poder aquisitio maior. Toda grande cidade precisa ter produtos para todos os bolsos. Tem que ter desde um albergue a um hotel de seis estrelas. É preciso atender também ao público mais exigente", avalia Duran.
É nessa perspectiva que dois grandes hotéis se apresentam no Centro Histórico. Localizados a poucos metros de alguns dos principais pontos turísticos da cidade, como o Elevador Lacerda, o Pelourinho e a Praça Castro Alves, os empreendimentos mesclam a hospedagem com a experimentação arquitetônica da década de 1930. No total, são 151 quartos divididos entre os dois hotéis.
Um deles é o Fera Palace Hotel, que foi inaugurado em 2017, no mesmo prédio onde funcionava o Palace Hotel. O empreendimento fica localizado na primeira rua do Brasil, a Rua Chile.
Fechado por 12 anos, o imóvel - que figurou na literatura de Jorge Amado - foi reformado pela empresa mineira Fera Investimentos para ser reaberto. Segundo o presidente do grupo, Antonio Mazzafera, a proposta foi "resgatar o glamour e o charme do local sob um olhar atual e contemporâneo, preservando as características do passado".
Na reforma, mais de 700 pilares foram refeitos e reforçados, assim como as 630 janelas e o piso, da década de 30. Além disso, uma piscina sem borda de 25 metros de comprimento foi instalada na cobertura, que tem vista para a Baía de Todos-os-Santos.
O hotel tem 81 quartos, sendo que 10 deles são suítes. O empreendimento oferece vagas para 162 hóspedes. Entre os atrativos, estão áreas de lazer e alimentação, além de serviços como academia com personal trainer, salas de massagem, guia turístico e motorista particular.
De acordo com Antonio Mazzafera, neste ano, a ocupação média acumulada até novembro é de 60%. Para o réveillon, mais de 92% das reservas já foram preenchidas. Para o carnaval, mais de 80% dos quartos já foram reservados. Dos hóspedes, cerca de 40% são estrangeiros.
"Os entrangeiros querem estar no coração do Centro Histórico. Eles valorizam a história que se concentra aqui. Hoje em dia, os turistas não querem só uma hospegadem, querem a experiência", analisa Mazzafera.
A alguns metros do Fera Palace Hotel, em frente à Praça Castro Alves, fica o Hotel Fasano Salvador, que será inaugurado neste fim de semana. Assim como o vizinho, o hotel foi instalado em um prédio da década de 1930, que também passou por reforma.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) como Bem Cultural da Bahia, o edifício que abrigou durante 45 anos a primeira sede do jornal A Tarde foi comprado pelo Grupo Fasano.
Segundo o sócio-diretor do grupo paulista, Constantino Bittencourt, durante a reforma, a fachada original, toda em Pó de Pedra, foi restaurada, assim como o lobby e a cobertura.
O empreendimento será inaugurando com festas, na sexta-feira (7) e sábado (8), com direito a coquetel para convidados e imprensa --, com show de Caetano Veloso exclusivo para os convidados no sábado.
Em 2019, o grupo prevê a inauguração de uma unidade em Trancoso, no extremo sul da Bahia.
"O Fasano chega a Salvador no momento de revitalização do Centro Histórico da cidade. Nosso objetivo é estimular a retomada do potencial econômico, histórico e cultural dessa área.
O local foi escolhido pela sua riqueza cultural, uma construção emblemática dos anos 30, com vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos, e na Praça Castro Alves, um dos símbolos mais populares da capital baiana", destaca Bittencourt.
O Centro Histórico de Salvador (CHS) foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1984, e reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade, em 1985. A delimitação do Centro Histórico começa próximo ao Mosteiro de São Bento e segue até o Forte Santo Antônio Além do Carmo.
As ações compreendem, além da reforma de telhados, recuperação do pavimento e calçadas, a iluminação especial em suas ruas e travessas e recuperação externa de casarões, monumentos e igrejas.
De acordo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), de novembro de 2017 a novembro de 2018, foi recuperada a área externa de 132 casarões, localizados nas ruas São Francisco, Gregório de Matos, João de Deus, 28 de Setembro, Cruzeiro do São Francisco, das Laranjeiras e Largo do Pelourinho. Atualmente, a equipe trabalha no Terreiro de Jesus.
São imóveis que compõem a paisagem de um dos mais importantes pontos da capital baiana, a exemplo da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, da Fundação Casa de Jorge Amado, do Teatro Miguel Santana, entre outros.
A reforma de telhados e pavimento, assim como a recuperação de praças e largos também integram a série de ações para manutenção da área do Centro Histórico, por onde, segundo a Conder, circulam 530 mil pessoas anualmente.
Por meio do projeto "Pelas Ruas do Centro Antigo de Salvador", é feita a requalificação de mais de 300 ruas. O investimento é de R$ 124 milhões. Na área do Centro Histórico de Salvador, que integra o lote 2 do projeto (formado por mais quatro lotes), o investimento é de R$ 42,9 milhões para a recuperação de 91 vias.
Para a Rua Chile, o projeto prevê a criação de uma nova estrutura para a valorização do patrimônio histórico e, ao mesmo tempo, a melhoria da acessibilidade. Segundo a Conder, o trecho de 330 metros da via passará por serviços que incluem vala única, que consiste no rebaixamento da rede elétrica e de telecomunicações.
Com isso, toda a fiação passará a ser subterrânea, eliminando o emaranhado de fios de energia e cabeamento de empresas de telecomunicações.
A ação prevê ainda a pavimentação da Rua Chile, que voltará a ser em paralelepípedo. A obra tem a previsão de ser concluída em 2019.
Fonte: G1