Mauro Akin Nassor |
A declaração do vice-presidente Francisco Salles de que o Vitória pretende mandar jogos na Fonte Nova em 2019 – todos ou parte deles – despertou logo uma discussão na torcida rubro-negra: vale a pena deixar o Barradão e mudar-se para a arena?
É claro que a análise passa, obrigatoriamente, pela questão financeira. Na Série B, o Leão sofrerá um significativo baque. Os números não estão fechados, mas estima-se que a receita de televisão, que em 2018 foi de R$ 43 milhões, caia para R$ 8 milhões. O orçamento, que neste ano foi de R$ 102 milhões, pode ser reduzido em mais da metade.
Levantamento do CORREIO mostra que o Barradão não tem contribuído de maneira significativa para o orçamento nas duas últimas temporadas. Em 2018, a receita líquida do estádio – somando as rendas e debitando as despesas de todos os 33 jogos do ano – foi de R$ 1.194.560,76. Uma média de R$ 36.198,81 por partida.
Em 2017, o cenário não foi melhor.
A receita líquida ao longo de 32 jogos foi de R$ 1.628.542,05. A média é de R$ 50.891,93 por partida. Só para efeito de comparação, o Vitória gasta, em média, R$ 50 mil só para abrir o estádio. É o valor gasto com seguros, arbitragem, quadro móvel, policiamento, impostos etc.
A maior renda líquida em 2018 foi no duelo de volta da final do Baiano, 1x0 para o Bahia. O Leão levou 30.142 pessoas ao estádio – maior público do ano – e arrecadou R$ 400.481,13 líquidos. Na Série A, a maior renda foi diante do Flamengo, 2x2. O Barradão recebeu 12.669 torcedores e a renda líquida foi de R$ 133.166,18.
Das 33 partidas no Barradão, o Leão teve prejuízo em nove. O maior rombo veio no último jogo do ano, 0x0 com o Grêmio. O estádio recebeu 3.614 pessoas e o Vitória perdeu R$ 36.743,26. Antes, o maior prejuízo havia sido contra o Corumbaense, pela Copa do Brasil, quando o Vitória perdeu R$ 14.628,28.
Em 2017, a situação foi parecida.
Dos 32 jogos no Barradão, houve prejuízo em dez. O maior rombo foi pelo Baiano, contra o Flu de Feira. O estádio recebeu 2.780 pessoas e o rubro-negro perdeu R$ 23.289,41 para jogar.
Em 2018, o Vitória não jogou na arena. Em 2017, foram dois, com renda líquida de R$ 109.340,15, uma média de R$ 54.670,07 por partida. Esse valor, no entanto, não iria para o clube.
Pelo modelo que costuma adotar, a Fonte Nova paga um valor fixo anual ao clube que joga por lá, sendo os prejuízos e os lucros de sua responsabilidade.
O consórcio também explora outras receitas, como estacionamento e bares.
No contrato com o Bahia que acabou neste ano, o tricolor recebia R$ 6 milhões por ano, no mínimo. O valor poderia aumentar de acordo com metas de público a serem batidas pelo clube.
Em campo
Desde 2013, quando a Fonte Nova foi inaugurada, o rendimento do rubro-negro no Barradão só tem caído. Naquela temporada, o aproveitamento do time em seu lar foi de 68% na temporada.
Em 2014, o Vitória teve um péssimo rendimento em casa: 43%. O time, porém, fez apenas 17 jogos por lá. Isso porque o Barradão passou a maior parte do ano em obras para a Copa do Mundo.
Em 2015, com o Vitória na Série B, o aproveitamento foi de 64%.
Em 2016, com o time na Série A, caiu para 61%. Em 2017, 56%. E na atual temporada, foi de 55%. De 2013 até agora, foram 156 jogos no Barradão, com 58,3% de aproveitamento.
Em 2018, o Vitória não fez um jogo sequer na Fonte Nova. Em 2017, foram duas derrotas pela Série A, para Corinthians e Coritiba. Nos anos anteriores, porém, quando o rubro-negro jogou mais vezes na arena, o desempenho nunca foi menor que 60% de rendimento.
Em 2013, foram cinco jogos, com dois triunfos e três empates, 60% de aproveitamento. No ano seguinte, um triunfo. Em 2015, mandou quatro jogos, todos pela Série B. De novo, invicto: três triunfos e um empate, 83% de rendimento. Em 2016, cinco jogos, com 67% de aproveitamento: três triunfos, um empate e uma derrota. O total, desde a reinauguração da Fonte Nova, foram 17 jogos, com 62,7% de rendimento.
Fonte: Correio