Sem galeota Gratidão do Povo, Bom Jesus dos Navegantes é celebrado com missas e procissão em Salvador

 Foto: Maiana Belo
Centenas de fiéis se reuniram neste 1º de janeiro de 2019, em Salvador, para celebrar Senhor Bom Jesus dos Navegantes e Nossa Senhora da Boa Viagem. Neste ano, a tradicional Galeota Gratidão do Povo foi embargada pela Capitania dos Portos e não transportou a imagem do Bom Jesus em procissão marítima. O trajeto com destino à igreja da Boa Viagem, também na capital baiana, foi realizado em um catamarã. A Galeota foi embargada devido a problemas estruturais.

"Está é a quarta vez que a galeota não sai. Das outras três vezes, foi por mau tempo", contou Expedito Sacramento, presidente da devoção Bom Jesus dos Navegantes. Apesar da ausência da tradicional embarcação de 127 anos, a celebração religiosa seguiu todos ritos católicos. A missa presidida pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, começou por volta das 8h na Basílica de Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Comércio. A psicóloga Catiane Costa contou que queria mais agradecer do que pedir.

"Eu venho sempre nos dias 31 e 1º. Venho há cerca de 10 anos, para agradecer pelo ano que passou e pelas vitórias que estão por vir. Se eu não venho a essa missa é como se tivesse faltando algo no ano", disse. Quem também acompanha há anos a missa e procissão é o porteiro Wellington Conceição, que conta que não mede esforços para consagrar o Senhor Bom Jesus dos Navegantes. "Eu dormi no trabalho e vim direto para cá. Essa é a primeira missa do ano para nos proteger, e acompanho a procissão também. Foi uma surpresa não ter a galeota este ano, mas isso não diminui a nossa fé", disse Wellington.

Por volta das 9h30, a missa terminou e minutos depois o sino da igreja badalou, anunciando a saída das imagens de Bom Jesus dos Navegantes e Nossa Senhora da Conceição. Posicionados do lado de fora da igreja, os fiéis gritavam palavras em homenagem aos dois. Entre as vozes, estavam os aposentados Orelita Silva de Jesus e Edgar dos Santos. O casal de Feira de Santana, cidade a cerca de 120 km de Salvador, veio pelo segundo ano consecutivo passar a virada do ano na capital baiana com familiares e aproveitou para agradecer pelo ano que passou em uma das mais tradicionais missas do estado.

"Que Nosso Senhor dê muita saúde para nós", disse Orelita. Em seguida, o casal, assim como os demais fiéis, seguiram em procissão com as imagens dos Santos para o cais do porto, que fica em frente à Basílica de Nossa Senhora da Conceição. No píer, Nosso Senhor foi embarcado em um catamarã.

De lá ele segue em cortejo marítimo pelo Porto da Barra, cais do Porto e Ponta do Humaitá, de onde segue em procissão até a Matriz da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. Já a imagem de Nossa Senhora voltou para a Basílica da Conceição da Praia. Assim como na saída, as badaladas do sino anunciaram o retorno dela ao templo religioso.

Apesar de não haver uma data precisa sobre a origem da celebração, acredita-se que ela começado ainda no século XVIII, momento em que o tráfico negreiro e o comércio marítimo eram bastante intensos. O culto ao Bom Jesus dos Navegantes surge quando os marinheiros começaram a pedir proteção ao Bom Jesus contra as mazelas que os afligiam durante as longas viagens. Nessa época, nasce uma das mais significativas festas religiosas da Bahia, que leva milhares de fiéis à igreja da Conceição da Praia no primeiro dia do ano. Os preparativos para esta celebração são iniciados no dia 27 de dezembro e finalizados no primeiro domingo após o primeiro dia do ano.

A celebração é tradicionalmente realizada em duas igrejas diferentes, a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja da Boa Viagem. A Galeota Gratidão do Povo também tem um papel importante nesta celebração, pois realiza o transporte marítimo da imagem do Bom Jesus até a igreja da Boa Viagem desde o dia 27 de dezembro de 1891.

A galeota foi construída no ano de 1891, quando houve uma separação entre a Igreja e o Estado, logo após a Proclamação República. Devido à Proclamação, a Marinha, que até então realizava o transporte da imagem, achou que não deveria mais participar da procissão. Nesse momento, a igreja encomendou a construção da galeota Gratidão do Povo.

Fonte: G1
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