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As vendas do comércio varejista brasileiro registraram alta de 2,9% em novembro, na comparação com outubro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado vem após duas quedas seguidas do setor.
Em relação a novembro de 2017, as vendas cresceram 4,4%. No acumulado até novembro, a alta é de 2,5%, enquanto nos últimos 12 meses é de 2,6%.
De acordo com a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, este foi o melhor resultado para um mês de novembro na comparação com outubro desde o início da série histórica do levantamento, em 2000. Além disso, considerando todos os resultados da série na comparação mês contra mês imediatamente anterior, foi o segundo maior resultado da série, ficando atrás apenas de janeiro de 2017, que na comparação com dezembro de 2016 teve alta de 4%.
"Isso serve para mostrar que não se trata de um resultado comum. É difícil vermos nos serviços um crescimento mensal superior a 2%", enfatizou.
Segundo a pesquisadora, a alta em novembro tem relação direta com a Black Friday. "Percebemos a influência desse evento quando observamos os resultados setorialmente. Os resultados mais fortes foram de atividades cujas receitas são estimuladas pelas vendas online, principal motor da Black Friday", analisou.
"Esse resultado converte a perda acumulada de 1,8% nos dois meses anteriores", destacou a gerente da pesquisa.
Apesar da alta expressiva em novembro, no acumulado em 12 meses, o comércio manteve uma trajetória de declínio iniciada em abril do ano passado. Isabella Nunes ponderou, no entanto, que se trata de uma estabilidade.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o avanço foi de 1,5% frente a outubro. O acumulado no ano ficou em 5,4%, enquanto que o acumulando nos últimos 12 meses foi de 5,5%. Frente a novembro de 2017, o volume de vendas subiu 5,8% – a 18ª taxa positiva seguida.
Entre as atividades pesquisadas, de outubro para novembro, o destaque foi para os segmentos de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,9%), Móveis e eletrodomésticos (5%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,8%), beneficiados por promoções anunciadas em novembro pela Black Friday, segundo o IBGE.
O principal destaque, segundo a pesquisadora, partiu do setor de hipermercados, que responde por quase metade (48,4%) de todas as vendas do comércio. "É uma atividade de grande peso e também pode ter tido influência da Black Friday. Mas não podemos esquecer que houve deflação de alimentos naquele mês", salientou.
Isabella ressatou que, apesar de terem os maiores crescimentos no mês, os segmentos de outros artigos de uso pessoal e doméstico e móveis e eletrodomésticos não explicam sozinhos o resultado do mês, já que têm pouco peso no setor – respectivamente 12,5% e 9,3% de participação.
O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria registrou a 7ª queda mensal consecutiva. Em 12 meses, passou a acumular um recuo de 13,1% nas vendas. Em outubro, na comparação mensal, o recuo foi de 20,4%, o maior entre todos os segmentos, e em novembro a queda foi de 1,9%.
"A venda de livros despencaram com o fechamento de diversas lojas no país. A venda online de livros pode estar incluída também em outra atividades, como na de outros artigos de uso pessoal e doméstico.
De toda forma, a atividade de livraria e papelaria tem um peso muito pequeno dentro do setor, de apenas 0,5%", ponderou a pesquisadora.
As vendas no comércio varejista avançaram em 25 das 27 unidades da Federação, com destaque para Bahia (8,7%), Rondônia (8,2%) e Maranhão (7,7%). Os recuos foram registados em Tocantins (-0,5%) e Roraima (-0,1%).
No comércio varejista ampliado, 26 estados mostraram aumento nas vendas, com destaque para Rondônia (7,4%), Sergipe (6,4%) e Pará (6,2%). O único com resultado negativo foi em Roraima (-1,5%).
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, o IBGE faz o ajuste sazonal nas pesquisas com uma “suavização estatística” para evitar leituras equivocadas e, assim, evitar que se ache que um mês foi muito ruim ou muito bom. “O problema é que a Black Friday é um evento relativamente novo no calendário varejista no Brasil e sendo assim não foi ainda capturada de maneira plena pelos estimadores do IBGE”, opina. Para ele, o resultado foi excepcional, mas não seria correto imaginar que "foi tudo isso".
Segundo Perfeito, apesar da alta expressiva em novembro, a variação trimestral com ajuste sazonal apresentou desaceleração.
O trimestre terminado em novembro subiu 0,67%, ao passo que o terminado em agosto cresceu 0,79%.
“Se mantivermos a variação de 0,4% ao mês, que é o crescimento médio mensal desde janeiro de 2017, já no final de 2019 atingiremos o pico de outubro de 2014”, diz o economista.
Com o desemprego ainda elevado, a economia brasileira tem mostrado um ritmo de recuperação ainda lento, mas nos últimos meses melhorou o otimismo de consumidores e empresários.
Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a confiança do comércio cresceu em dezembro e atingiu o maior patamar em mais de 5 anos. Já a confiança do consumidor avançou para o maior nível desde abril de 2014.
A economia brasileira avançou 0,8% no 3º trimestre. Para o ano de 2019, a expectativa é de uma alta de 2,57% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a mais recente pesquisa Focus realizada pelo Banco Central.
Fonte: G1