Foto: Alan Chaves |
Manifestantes lançaram coquetéis molotov contra base do Exército da Venezuela na fronteira com o Brasil, em Pacaraima (RR), por volta das 18h20 deste sábado (23). Os militares venezuelanos reagiram com bombas de gás lacrimogêneo cerca de dez minutos depois.
Conflitos também foram registrados na fronteira da Colômbia com a Venezuela.
Eles foram o desfecho de um dia no qual os caminhões com ajuda humanitária foram impedidos de levar alimentos e medicamentos para cidades venezuelanas. O chamado "Dia D", convocado pela oposição para recebimento de doações de outros países, foi marcado ainda pelo discurso do presidente Nicolás Maduro e pela morte de três pessoas.
Amanheceram fechadas as fronteiras, conforme prometido por Maduro,
Dez caminhões com alimentos ficaram parados na fronteira com a Colômbia,
Dois caminhões saíram de Boa Vista e foram para Pacaraima (RR), mas voltaram para o lado brasileiro da fronteira no fim do dia,
Um ônibus foi incendiado na cidade venezuelana de Ureña, na fronteira com a Colômbia,
Na região de Ureña, militares abandonaram os postos e pediram asilo,
Duas ambulâncias venezuelanas levaram feridos para Roraima nesta tarde,
Três pessoas morreram e pelo menos outras quinze ficaram feridas à bala em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil,
Nicolás Maduro discursou afirmando que não é mendigo e que está disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser vender,
O presidente venezuelano também anunciou que rompeu relações diplomáticas com Colômbia.
No fim da tarde, na fronteira com a Colômbia, um caminhão foi incendiado e a carga saqueada em Cúcuta. Manifestantes atacaram estruturas e jogaram pedras e coquetéis molotov contra guardas. Houve feridos
Na fronteira com o Brasil, o protesto terminou com ataque a uma base do exército venezuelano, que teve um carro incendiado.
A expectativa pela entrada dos caminhões acabou sendo transformada em revolta e confrontos. Venezuelanos que estavam em territórios brasileiro e colombiano usaram pedras e coquetéis molotov para protestar.
O confronto com os guardas da fronteira foi mais longo em Cúcuta, na Colômbia, onde um caminhão que levaria ajuda humanitária acabou incendiado e a carga foi saqueada. A fronteira colombiana também concentrou um maior contingente de manifestantes, que atiraram pedras e pediam a abertura da passagem.
Ao fim do dia, os caminhões que estavam em ambas as fronteiras foram retirados. Na Colômbia, segundo a Reuters, eles foram levados para armazéns.
No Brasil, eles foram tirados da linha de entrada no país vizinho.
No Brasil, de acordo com informações preliminares, os coquetéis molotov foram atirados por venezuelanos que vivem em Roraima em direção ao posto militar da Venezuela. Depois, houve outra confusão, em que manifestantes e soldados venezuelanos jogaram pedras uns nos outros.Imagens mostram uma caminhonete da Guarda Nacional Bolivariana incendiada depois do tumulto.
Um representante do Exército brasileiro disse que os militares venezuelanos também efetuaram disparos com armas de fogo contra os manifestantes. Um civil passou mal, mas não há informação sobre feridos graves.
"Nunca vi exército de outro país jogar bomba de gás no Brasil', afirmou o coronel brasileiro José Jacaúna.
O confronto ocorreu pouco tempo depois de caminhões com a ajuda humanitária retornarem ao lado brasileiro na fronteira, após tumulto entre voluntários. Luiz Silva, deputado da Assembleia Nacional pelo partido Ação Democrática – de oposição a Nicolás Maduro – disse que os caminhões foram tirados da fronteira "para proteger a ajuda, para resguardar".
Pacaraima é a cidade brasileira onde o governo do Brasil e a oposição ao chavismo liderada por Juan Guaidó estabeleceram ponto de coleta para ajuda humanitária. Os carregamentos de comida, remédios e itens de higiene deveriam chegar neste sábado, mas o regime de Nicolás Maduro fechou as fronteiras com o Brasil. Houve protestos ao longo do dia.
A outra cidade é Cúcuta, na Colômbia, onde Maduro bloqueou a ponte ligando os dois territórios para impedir a passagem dos caminhões. Grande parte da ajuda humanitária continua retida no local, que também registrou confronto ontem sábado.
O líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países – incluindo o Brasil – discursou neste sábado em Cúcuta. Com ele, estavam os presidentes da Colômbia, Chile e Paraguai, além do ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo. Eles exigiram a chegada pacífica da carga ao território venezuelano.
Fonte: Tribuna da Bahia