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"Foi uma situação bastante constrangedora, onde eu estava no exercício da minha profissão. Não imaginei que fosse destratada, desrespeitada, como pessoa, como ser humano, mulher e como profissional, no exercício da minha função".
Assim a advogada Thalita Coelho Duran relata o episódio em que afirma ter sido agredida fisicamente e verbalmente por um policial militar e por um delegado dentro da delegacia de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador. A vítima registrou a confusão com um aparelho celular.
Conforme a advogada, o caso ocorreu na madrugada de domingo (3), quando ela acompanhava quatro rapazes que foram presos por policiais da 81ª CIPM, sob a acusação de tráfico de drogas.
Thalita diz que, além das agressões, ainda foi ameaçada pelo policial militar e pelo delegado Giovani Paranhos Santos, plantonista da 23ª Delegacia.
"Sou advogada criminalista há oito anos e estava trabalhando nesta madrugada. O meu sócio não pode me acompanhar, porque estava no aniversário dos sobrinhos, e eu fui sozinha. Fui impedida de conduzir o flagrante da forma correta. Foi conduzido de forma arbitrária", disse, em entrevista à TV Bahia.
Thalita afirmou que foi impedida pelo delegado de conversar a sós com os clientes, antes dos depoimentos.
A advogada aponta que houve arbitrariedade na condução dos presos à delegacia, feita pelos PMs, e também no procedimento realizado na unidade policial, pelo delegado.
A advogada afirmou que, após as oitivas, só teve acesso ao documento de um dos depoimentos e o delegado pediu que ela assinasse os documentos dos quatro presso, sem ler.
Ao questionar sobre o procedimento, ela diz que foi agredida verbalmente, e impedida de sair da sala.
"Comuniquei a OAB, que é o órgão que representa a minha classe, e ao Ministério Público. Sou uma profissional que sempre fui bastante respeitada em todas as delegacias onde costumo trabalhar, tanto pela Polícia Militar quanto pela Polícia Civil, e isso causou bastante comoção de colegas, conhecidos e desconhecidos, promotores, juízes, alguns policiais civis, militares que conhecem a minha forma de trabalho.
Causou espanto em todos o ocorrido e todos estão prestando bastante solidariedade e é isso que me conforta e dá força para continuar nessa luta. Não vamos desistir", disse.
A advogada relatou que, inicialmente, estava como representante de um dos jovens presos, mas acabou definindo com a família dos rapazes que ficaria como defensora dos quatro.
Foi aí, segundo ela, que o delegado fez o primeiro insulto. "Ele disse: 'Agora você garantiu o seu honorário do fim de semana'. Eu não disse nada a ele", contou.
A advogada afirmou que, após as oitivas, só teve acesso ao documento de um dos depoimentos e o delegado pediu que ela assinasse os documentos dos quatro presso, sem ler.
Ao questionar sobre o procedimento, ela diz que foi agredida verbalmente, e impedida de sair da sala.
"Ele mandou eu calar a boca duas vezes. Me xingou. Foi quando peguei o celular e disse que ia filmar. Aí ele [delegado] abriu a porta para eu sair, e o PM veio para cima de mim. O delegado ficou dizendo: 'Vamos prender ela, vamos dar um flagrante nela?'", relatou.
Thalita contou que o PM ainda a ameaçou e a empurrou, ao ver que a advogada fazia um vídeo, e chegou a apagar o arquivo do celular dela, mas ela conseguiu recuperar as imagens. "Ele [PM] disse: 'Você gravou meu rosto.
Não troque as bolas não, que comigo o bagulho é diferente".
Thalita disse que, após ser agredida pelo PM, bateu em uma parede e machucou o ombro.
A advogada, que atua há 8 anos na área criminalista, acionou a Ordem dos Advogados da Bahia (OAB) e foi, acompanhada de um representante do órgão, na Corregedoria da PM, onde registrou o ocorrido.
Thalita disse que vai registrar a situação também na Corregedoria da Polícia Civil.
Por meio da assessoria, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que as Corregedorias das Polícias Civil e Militar vão apurar a denúncia.
Fonte: G1