Foto: Reprodução |
Depois de denunciar Elisângela Almeida de Oliveira pelas mortes de uma mulher e duas crianças por envenenamento, em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) resolveu denunciar também o marido dela, Valci Boaventura Soares. Até então, ele era tratado apenas como testemunha. A informação foi divulgada nessa terça-feira (26).
Em nota, o MP informou que esse foi também o motivo para o cancelamento da audiência que estava agendada para acontecer no dia 20 de março. Disse ainda que tomou a decisão de incluir Valci no processo depois de ouvir o depoimento das testemunhas na primeira sessão do caso, realizada em fevereiro.
O documento aponta que o marido de Elisângela será denunciado porque foram “constatados fortes indícios de participação do mesmo nos crimes”.
A data da nova audiência ainda não está definida. “Somente após a citação do denunciado e apresentação de defesa preliminar, o processo seguirá o curso normal, encontrando-se os autos conclusos”, informa a nota.
Valci e Elisângela foram presos durante a investigação policial acusados de coagir testemunhas para que não dessem informações à polícia e destruir provas que poderiam revelar o envolvimento deles nas mortes. Valci foi solto em novembro por falta de provas.
Elisângela é acusada de matar com veneno Adriane Ribeiro Santana Santos, então com 23 anos, e as filhas dela: Gleysse Kelly Santos da Conceição, 5, e Ruteh Santos da Conceição, 2. As vítimas morreram em três segundas-feiras seguidas, nos dias 30 de julho, 6 e 13 de agosto de 2018.
Segundo os investigadores, Elisângela estaria interessada no marido de Adriane e pai das meninas, Jeferson Eduardo Brandão, 29, e isso provocou um desentendimento entre as duas mulheres. A acusada teria, então, colocado inseticida agrícola na comida das crianças e, depois, na da mãe. Elisângela nega envolvimento no crime e está presa no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador.
Relembre a cronologia do caso:
2018
Antes do dia 30 de julho – Não se sabe quando, exatamente, mas o cachorro da família foi o primeiro a morrer. O animal veio a óbito poucos dias antes da morte da primeira criança.
30 de julho – A filha mais velha de Adriane e Jeferson, a pequena Gleysse Kelly Santos da Conceição, de 5 anos, morreu após passar mal. Na época, a família chegou a imaginar que ela tinha sido vítima de uma complicação do diabetes. Ela deu entrada em um hospital salivando e com hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue).
6 de agosto – Na segunda-feira seguinte, a irmã dela, Ruteh Santos da Conceição, 2, passou mal e foi levada às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Maragojipe. Ela chegou na unidade desfalecida e morreu no mesmo dia.
11 de agosto – Em seu Facebook, Adriane fez um desabafo. “Amores❤. Eu lutarei para chegar no Céu, para abraçar vocês. #NaEternidadeVouTeVer. #GleysseKelly???? #Ruteh???? (sic)”, escreveu.
13 de agosto – Também numa segunda-feira, Adriane passa mal durante o culto e é levada ao hospital. Ela morreu já na unidade de saúde.
17 de agosto – Responsável pela investigação do caso, o delegado Marcos Veloso solicitou a exumação do corpo de Gleysse. Como foi a primeira a morrer, ela acabou sendo enterrada por “morte natural”.
5 de setembro – Depois de uma decisão favorável da Justiça, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizou a exumação dos corpos de Gleysse e Ruteh.
14 de setembro – O juiz Lucas de Andrade Cerqueira Monteiro, substituto da comarca de Maragojipe, assina o deferimento do pedido de busca e apreensão cumprido na residência do casal Elisângela e Valci, em Conceição da Feira.
15 de setembro – Parentes de Adriane e das filhas são ouvidos pela polícia, assim como casal Elisângela e Valci.
20 de setembro – Sete pessoas foram ouvidas pelo delegado Marcos Veloso, numa acareação. No processo, os convocados foram convidados a contar, juntos, suas versões sobre os acontecimentos.
21 de setembro – Mandado de busca e apreensão é cumprido na residência do casal Elisângela e Valci, em Conceição da Feira.
28 de setembro – A decisão que autorizou o cumprimento do mandado de busca é publicada no Diário Oficial de Justiça.
11 de outubro – Prisão de Elisângela e Valci, suspeitos de usar inseticida para matar Adriane e as duas filhas.
16 de outubro – Polícia divulga o resultado da acareação realizada com os acusados das mortes que aponta o motivo como um desentendimento entre Elisângela e Adriane, onde a primeira estaria interessada no marido da segunda.
14 de fevereiro de 2019 – Acontece a primeira audiência sobre o caso, no fórum de Maragojipe. Sete testemunhas são ouvidas.
20 de março – Segunda audiência do caso é adiada.
26 de março – Valci é denunciado pelo Ministério Público da Bahia
Fonte:Correio24Horas