Fotos: Arquivo pessoal |
O motorista de ônibus da empresa Santana, Reginaldo Sacramento, de 35 anos, foi demitido após um passageiro furtar a bagagem de outra passageira. O caso aconteceu no dia 28 de fevereiro, durante uma viagem de Santo Amaro para Salvador.
Em entrevista para o Portal A Tarde, Reginaldo informou que era mais um dia de trabalho normal, com uma viagem às 06h30 saindo de São Félix para Salvador, retornando as 09h20 e finalizando em Santo Amaro às 13h.
"Pensei estar encerrando, só que não estava. A empresa me informou na hora que eu deveria fazer aquele horário de volta para Salvador", informou o ex-motorista.
Segundo Reginaldo, o cobrador, que estava no veículo, teria subido em outro ônibus, informado que iria para São Félix e que estava encerrando seu turno. Após dar início a viagem, um passageiro avisou que desceria no ponto após a rodoviária de Santo Amaro e precisava retirar a bagagem.
O passageiro também comunicou que seus pertences estavam separados e sem etiqueta. Ele retirou sacos de lata, uma caixa com ventilador e uma mala de mão. Reginaldo afirma que estava sobrecarregado naquele momento, tendo que despachar a bagagem, segurar a tampa do bagageiro, que estava com defeito, e vigiar porta do ônibus, para que ninguém entrasse, já que não havia cobrador para atender os clientes e vender as passagens.
Segundo Reginaldo, o passageiro teria se aproveitado dessa situação para furtar os objetos. Ao encerrar a viagem e perceber que os pertences eram de outra passageira, ele ligou para uma funcionária da Santana, que disse que ele estava errado ao entregar a bagagem.
A empresa também o questionou sobre a ausência do cobrador, informando que ele deveria ter feito a viagem completa. Reginaldo ressalta que não entendeu porque o cobrador encerrou seu turno antes de finalizar a escala e que seu contrato inclui apenas a função de motorista, não podendo exercer também a função de cobrador.
Reginaldo teria sido chamado pela Santana, 15 dias após o ocorrido, e informado que ele o cobrador deveriam pagar, cada um, o valor de R$ 1416, referente a mala furtada. Após se recusar a pagar o valor, ele foi retirado da escala.
"Me demitiram porque eu não paguei o valor da bagagem, bagagem essa que não tenho responsabilidade alguma," explica o motorista da Santana, Reginaldo Nascimento.
De acordo com a legislação da Agência Estadual de Regulação Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), a empresa que extraviar a bagagem é obrigada a pagar esse valor ao passageiro por cada bagagem perdida.
Em seguida, Reginaldo entrou em contato com o gerente geral da Santana, que concordou com a medida e o recolocou na escala. Porém, oito dias depois, ele foi surpreendido com a rescisão de contrato.
"Me demitiram porque eu não paguei o valor da bagagem, bagagem essa que não tenho responsabilidade alguma", reitera. Recentemente, ele teria conversado com a dona da empresa Santana, que o informou que iria averiguar os fatos e depois entraria em contato. Segundo Reginaldo, até hoje ele não obteve resposta.
Abaixo-assinado
Familiares de Reginaldo fizeram um abaixo-assinado e começaram a contar a história do ex-motorista nas cidades de Cachoeira e São Félix. A lista tem o objetivo de readmitir o motorista e já tem mais de 900 assinaturas.
O Portal A Tarde entrou em contato com a Santana, que ainda não se pronunciou sobre o caso.
*Sob supervisão do repórter Victor Rosa