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Na Bahia, seis crianças ou adolescentes sofreram, por dia, algum tipo de violência sexual entre 2011 e o primeiro semestre de 2018. No total, foram 16.175 denúncias no período. Nos primeiros seis meses do ano passado, foram 454 registros no estado. Os dados são do Disque 100, plataforma do Ministério dos Direitos Humanos que registra denúncias de violações de direitos fundamentais de crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos.
Nos serviços de saúde do estado, foram notificados 1.151 casos de violência sexual contra crianças entre 0 e 9 anos, entre 2014 e 2017, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Os números são apenas relacionados à questão de saúde e não acolhe todos os casos criminais. A orientação do MS é que todo serviço de saúde da rede pública atenda vítimas de violência sexual. “No caso de qualquer violência sexual contra crianças e adolescentes, o Conselho Tutelar e o Ministério Público também são acionados para atendimento e proteção integral de meninos e meninas”, disse a entidade em nota. As denúncias para o Disque 100 são realizadas gratuitamente e podem ser feitas de qualquer telefone fixo ou celular. A plataforma recebe, analisa e encaminha as denúncias para órgãos de proteção, defesa e responsabilização em direitos humanos.
Os dados do segundo semestre de 2018 devem ser divulgados em março deste ano. Dentre as distinções de violência sexual feitas pelo Disque 100 estão abuso sexual, estupro, exploração sexual, exploração sexual no turismo, grooming(aliciamento de menores), exploração infantil para fins de pornografia e sexting (troca de conteúdos eróticos e sensuais através de celulares).
O boletim de notificação de violência mais atualizado que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) dispõe é de 2016. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) também não tem um levantamento de quantos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes ocorreram no estado nos últimos anos.
O CORREIO entrou em contato com o Ministério Público da Bahia (MP-BA) para saber quantos casos são acompanhados e foram denunciados pela entidade, mas não obteve resposta até às 21h45 desta segunda (21). Itamar Gonçalves, um dos gerentes da organização não-governamental Childhood Brasil, destaca que 90% dos casos de violência sexual ocorrem dentro de casa, com familiares, e que, deve-se ter um engajamento com adultos de todas as áreas que a criança frequenta, como a própria casa, a escola e os hospitais, por exemplo. “Não tem uma fórmula (para notar quando a criança está sofrendo violência sexual), mas são situações que a gente tem que estar atento”, afirmou Gonçalves. Ele pontua que é um dever do adulto estar atento às situações de risco para a criança.
Fonte: Voz da Bahia