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O Brasil ampliou o número de universidades listadas no mais prestigiado ranking internacional, o Times Higher Education (THE), liderado neste ano pela britânica Universidade de Oxford. Nenhuma instituição do país, contudo, aparece entre as 250 melhores.
A Universidade de São Paulo (USP) repete o resultado do ano anterior e é a instituição brasileira -e latino-americana-- M melhor colocada na edição 2020 do ranking da THE, divulgada nesta quarta-feira (11).
Com 46 universidades listadas, 11 a mais do que na última edição da publicação britânica, o Brasil tem a sétima maior representação entre as instituições relacionadas.
A marca supera a de países como Itália e Espanha.
Com menos de 1/10 da população brasileiro, o Chile é nação latino-americana mais próxima do Brasil no ranking, com 18 universidades. Das 46 brasileiras listadas, 28 são federais, 11 são estaduais e 7, particulares.
As federais enfrentam uma crise de financiamento. O governo Jair Bolsonaro (PSL) determinou um bloqueio de orçamento de R$ 2,2 bilhões, referente a 30% dos recursos discricionários (que excluem salários, por exemplo).
O sistema federal de ensino superior perde recursos ano a ano desde 2014.
Com o atual corte, as verbas de livre manejo retrocederam ao patamar de uma década atrás.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem tido um discurso crítico às federais, mencionado suas posições em rankings como o THE.
A editora do ranking da THE, Ellie Bothwell, afirma que a hostilidade do atual governo com relação ao tema e os desafios de financiamento prejudicam o país.
"O fato de o Brasil agora aparecer como o sétimo país com mais representação no ranking é certamente uma grande conquista, especialmente considerando a grandeza do seu contingente comparado com o ano passado. Isso traz muita visibilidade e presença do Brasil no cenário mundial", diz ela, segundo texto oficial de divulgação.
"No entanto, é lamentável que todos os novos registros do Brasil estejam fora do top 1000 e que várias outras estejam fora da tabela.
As constantes questões de financiamento e a falta de uma estratégia de ensino superior não ajudam a solucionar este problema", escreve.
"O ensino superior global está se tornando um campo cada vez mais competitivo, à medida que as instituições asiáticas continuam a crescer e o Brasil terá que trabalhar mais para fazer avanços positivos na tabela de classificação. Para tal, a crescente hostilidade do governo atual em relação à educação superior inspira pouca confiança."
O THE 2020 analisou um total de 1.396 instituições em 92 países e regiões (na última edição, eram 1.258 em 86 territórios).
O levantamento é elaborado a partir de 13 indicadores que abordam cinco dimensões: ensino, pesquisa, citações de artigos científicos, transferência de tecnologia e internacionalização.
O THE classifica os estabelecimentos em ordem até a 200ª posição, e a partir disso reúne as instituições em intervalos.
O top 10 do ranking é dominado pelo Reino Unido e Estados Unidos.
A Universidade de Oxford, da Inglaterra, lidera o THE 2020, assim como ocorreu na edição do ano passado.
A Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), dos Estados Unidos, aparece na segunda posição. Ao todo, 60 das 200 melhores instituições são norte-americanas.
Somente 12 universidades brasileiras estão no grupo das mil melhores. Brasileira mais bem colocada, a USP ficou no bloco que 251-300, mesma posição em que apareceu no ano passado.
Na sequência aparece outra estadual paulista, a Unicamp, que se posiciona entre 501-600 --no ano passado, a instituição estava melhor, na posição 401-500.
Além da Unicamp, outras quatro universidades federais (UFRJ, UFABC, UFBA e UFSCar) perderam posições no ranking. Com exceção da UFRJ (que passou do grupo 601-800 para 801-1.000), as demais foram classificadas abaixo das 1.001 melhores.
A Federal de Uberlândia, classificada no ano passado na faixa de mais de 1.001, caiu nesta edição e não aparece na lista.
Por outro lado, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) pulou para um grupo superior: passou da posição 801-1000 para 601-800. Outras 11 universidades que não estavam ranqueadas tiveram indicadores que as colocaram no ranking -seis são federais, duas são particulares e as outras duas, estaduais.
A instituição particular mais bem posicionada é a PUC-Rio. Ela fica na posição 601-800, sendo a 7ª brasileira mais bem classificada.
Na América Latina, a mais bem colocada, após a USP, é a Universidade para o Desenvolvimento, do Chile. Ela aparece na posição 401-500 -à frente da Unicamp.
Compõem o ranking 101 universidades da América Latina, sendo 46 do Brasil. Cuba e Porto Rico entraram na lista pela primeira vez, com a Universidade de Havana posicionando-se na faixa de mais de 1.001 e a Universidade de Porto Rico, de 801-1000.
Já a situação da Argentina é pior.
O país vizinho, em grave crise econômica, tem quatro instituições ranqueadas, uma a menos que no ano passado.
Em 14º, o suíço ETH Zurich é a instituição mais bem colocada do ranking que não está no Reino Unido nem nos Estados Unidos. Depois surge a Universidade de Toronto (Canadá), na 18ª posição.
No topo do ranking, a Ásia conseguiu aumentar significativamente a sua representação global e a presença no top 200 mundial: passou de 2 instituições para 24.
A universidade Tsinghua, da China, está em 23º, seguida pela Universidade de Pequim e pela Universidade Nacional de Singapura. Os resultados completos podem ser lidos em https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/2020/world-ranking
Fonte: Bahia Notícias