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Gratidão é o que também faz dona Valquíria Cardoso relembrar o tempo em que que passou ao lado Irmã Dulce. Ela atuava como enfermeira e cuidou da freira por cerca de 6 anos. Sempre que retorna ao memorial e, sobretudo ao quarto onde Irmã Dulce dormia e onde morreu, a emoção toma conta do coração e as lágrimas caem sobre o rosto dela.
Valquíria foi uma das últimas cuidadoras da freira e conta que cada cantinho no memorial traz lembranças do tempo que conviveu com a futura santa.
"Subi muito essas escadas, às vezes pegando ela, porque não tinha um elevador. Ela dizia: 'Você vai me derrubar'. Eu dizia: 'Não vou derrubar nada'. Eu levava e parava um pouco para respirar. Aí ela dizia que queria comer. Ela gostava muito de comer. Ela era levinha, qualquer pessoa poderia carregar ela. E eu carregava com tanto amor, com tanto carinho", afirma.
No quarto da freira, Valquíria passa até mais tempo do que em casa.
Chegava a ficar até 12h ao lado de Dulce. "Dificilmente eu venho aqui, porque quando eu venho eu choro o dia todo".
"A essa hora ela já tinha almoçado, já tinha rezado o terço dela e estava descansando para, a partir das 16h, começar a atender o povo na porta. Foi muito gratificante trabalhar com Irmã Dulce. Mas estou feliz. Eu já sabia que ela era uma santa, mesmo antes de ser canonizada. Eu tinha certeza que ela era uma santa. Ela não negava nada a seus pobres.
Ela dizia assim: 'Se fosse para o seu filho, para sua mãe, seu irmão, você não faria? Então faça por meus pobres, não deixe meus pobres morrerem a míngua", lembra.
Dos momentos mais marcantes, Valquíria lembra do dia em que Dulce morreu, no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio.
"Na hora que ela começou a passar mal, Maria Rita [sobrinha de Irmã Dulce] ligou para mim. Eu estava em casa.
Ela disse: 'Venha. Irmã Dulce não está passando bem. Venha para cá'. Aí eu vim", lembra.
Ela conta que ficou do lado de fora do quarto enquanto os médicos estavam com a freira e que foi Maria Rita quem deu a notícias para da morte. "Ela disse: 'Nossa mãe já se foi'. Eu passei mal um pouquinho e depois me recuperei. Foi muito doloroso. Eu não esperava que ela fosse morrer tão cedo", afirma.
A ex-enfermeira diz que "amor, carinho e dedicação" foram os grandes legados deixados por Dulce.
"Isso porque sem amor, carinho e dedicação, você não é nada na vida. É preciso amar a Deus, primeiramente, os seus familiares e os demais. Obrigado, Irmã Dulce, por tudo que fez por mim e por esta nação".
Fonte: G1