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A quantidade de abortos realizados em Portugal caiu 3,8% em 2018, em comparação com o ano anterior. Este foi o sétimo ano consecutivo de redução e também o que apresentou o valor mais baixo desde a descriminalização do procedimento no país, em 2007.
O número de brasileiras que interrompem a gravidez em Portugal, no entanto, aumentou 27,7% no mesmo período.
Foram 571 abortos em 2018, contra 447 em 2017. Com isso, as brasileiras ultrapassaram as cabo-verdianas e se tornaram a nacionalidade estrangeira que mais aborta em Portugal.
As estatísticas da DGS (Direção-Geral da Saúde) não fazem distinção se as brasileiras são residentes ou turistas no país.
No Brasil, o aborto é proibido por lei exceto nos casos de estupro, de risco para a vida da mulher e de anencefalia do feto.
O Ministério da Saúde estima que sejam feitos no Brasil entre 950 mil e 1,2 milhão de abortos por ano.
Enquanto no Brasil o acesso ao aborto mesmo em casos com previsão legal, como estupro e risco de morte, pode ser bastante complicado, Portugal optou por simplificar o processo.
A legislação portuguesa garante acesso à interrupção da gravidez a qualquer mulher que esteja em território luso, mesmo turistas e imigrantes em situação irregular. Nas clínicas e hospitais públicos, o aborto é gratuito.
Na rede particular, o valor do procedimento oscila entre os EUR 475 (cerca de R$ 2.156) e EUR 575 (R$ 2.610, aproximadamente).
Por conta do idioma e da proximidade cultural, Portugal costuma atrair brasileiras que viajam ao país para realizar o procedimento
O aumento expressivo da comunidade brasileira no país nos últimos dois anos, no entanto, parece estar puxando o aumento do número de interrupções de gravidez, de acordo com profissionais ouvidos pela reportagem.
Números do SEF mostram que a quantidade de brasileiros vivendo em Portugal disparou em 2018: uma alta de 23,4% em relação ao ano anterior.
O número de estrangeiros vivendo em Portugal, de uma maneira geral, também aumentou e chegou ao valor mais alto desde a criação da série histórica, em 1974. Em 2018, eram mais de 480 mil imigrantes residentes, uma alta de 13,9% em relação a 2017.
Os números da imigração se refletem também nas interrupções da gravidez. Atualmente, 20,8% dos abortos feitos em Portugal –o equivalente a um em cada cinco– é realizado por uma cidadã de outro país. As estrangeiras respondiam por 18,2% dos abortos em 2017 e 17,7% em 2016.
Fonte: Forte na Notícia