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Os evangélicos tendem a avaliar de forma mais positiva o presidente Jair Bolsonaro e a relativizar mais a pandemia do coronavírus, de acordo com a mais recente pesquisa do Datafolha.
Segundo levantamento feito de 1º a 3 de abril, os indivíduos que se declaram dessa corrente religiosa estão entre os que mais aprovam a atuação do presidente diante da pandemia.
De acordo com o instituto, o índice de ótimo ou bom atribuído à condução da crise pelo presidente passa de 33%, na população em geral, para 41% considerando apenas os evangélicos.
Essa elevada taxa se compara, por exemplo, à obtida pelo presidente entre moradores do Centro-Oeste (também 41%) e supera numericamente a aprovação entre entrevistados do sexo masculino (38%), dois estratos também mais alinhados a ele.
Os entrevistados desse ramo cristão também são menos favoráveis à hipótese de renúncia do presidente -o índice cai, de 37% na população em geral, para 30% nesse recorte.
O Datafolha ouviu 1.511 pessoas por telefone, e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. A mostra da pesquisa Datafolha considera que os evangélicos formam 31% da população com 16 anos ou mais, incluindo os do ramo pentecostal, que somam 15%.
Os católicos são 51%.
Bolsonaro em seu governo costuma fazer gestos ao segmento evangélico, como comparecer a eventos, e já falou em nomear para o Supremo Tribunal Federal um ministro "terrivelmente evangélico". A indicação de um novo integrante do STF poderá ocorrer a partir de novembro deste ano, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello.
No dia a dia, é comum Bolsonaro receber o apoio de fiéis de diferentes denominações na portaria do Palácio da Alvorada. Na semana passada, convocou um jejum religioso para que o país se livrasse "desse mal", em referência ao coronavírus.
O presidente se declara católico, mas sua mulher, Michelle, é evangélica. A proximidade com líderes religiosos vem desde a época da campanha eleitoral.
Além da avaliação de governantes, a pesquisa Datafolha incluiu perguntas sobre a percepção da população diante da crise e sobre o comportamento dos entrevistados.
Embora o apoio à medidas de contenção à pandemia continuem majoritárias no segmento evangélico, a tendência é de mais divergência em relação a como reagir à pandemia .
Enquanto na população em geral 37% consideram que a população deve sair para trabalhar, em vez de permanecer em isolamento, entre evangélicos esse número sobe para 44%.
Líderes religiosos como Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, e Silas Malafaia já deram declarações alinhadas ao presidente em relação ao coronavírus.
Desde antes da fase aguda da crise, o presidente tem subestimado os efeitos da doença e defendido a volta às atividades regulares do comércio e das escolas.
As igrejas obtiveram em decreto presidencial, contestado na Justiça, o status de atividade essencial na pandemia, o que permite que continuem recebendo público.
O apoio ao isolamento social entre a população, diz o Datafolha, é de 76%, número que vai a 71%, dentro da margem de erro, considerando apenas entrevistados evangélicos.
Quando o questionamento opõe os posicionamentos do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aos de Jair Bolsonaro, os entrevistados desse segmento cristão também se alinham mais ao presidente.
Na população em geral, 57% entendem que Doria está certo e que os brasileiros não devem seguir as orientações de Bolsonaro a respeito da doença. Considerando os evangélicos, o número cai para 47%.
A percepção entre evangélicos sugere um pouco mais de otimismo também sobre os efeitos do coronavírus na economia. Enquanto na população em geral 36% dizem que a Covid-19 vai prejudicar a economia por pouco tempo, entre evangélicos o número vai a 41%.
Fonte: Bahia Notícias