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Três dos municípios com maior tradição de festejos juninos na Bahia não apostam em um São João deslocado, no fim do ano. A ideia para eles foge do que é próprio da época junina. O ponto de vista é compartilhado pelos prefeitos de Senhor do Bonfim, Carlos Brasileiro; de Cruz das Almas, Orlando Peixoto Pereira Filho; e de Amargosa, Júlio Pinheiro. Na última terça-feira (28), o governador Rui Costa anunciou que nenhum município do estado faria as festas juninas neste ano. Antes os três prefeitos já tinham comunicado, junto com mais sete cidades, o cancelamento dos festejos.
Representante de um dos municípios com mais longevidade no São João, Carlos Brasileiro não vê possibilidade na transferência de data. “Não existe essa discussão. Eu acho difícil criar um clima de São João fora da época”, disse categórico ao Bahia Notícias. Brasileiro chama atenção para o choque com outra data, também prestigiada pelos moradores. “Além do São João, Senhor do Bonfim tem outra tradição, inclusive religiosa, que é o Natal. E aí não dá para fazer duas festas no mesmo período. Não tem dinheiro pra isso”, avalia.
Cidade com um dos festejos mais disputados na Bahia, Amargosa também não vai apostar em um rojão deslocado. Segundo o prefeito Júlio Pinheiro, as condições impostas pela pandemia do novo coronavírus colocaram fumaça nas pretensões da cidade de fazer o São João em 2020. “É muito complicado, primeiro porque o cenário é de muita incerteza. A gente não sabe se será possível fazer qualquer evento com aglomeração nesse período”, disse ao BN. Segundo Pinheiro, há vários agravantes em jogo. Fim de mandato para os prefeitos, o que pode gerar problemas nas contas, e o impacto financeiro.
Para ele, não compensa fazer a festa nesse cenário. A conta não fecha. “E fazer uma festa em dezembro, a gente teria o mesmo investimento, mas não o mesmo retorno para economia da cidade, porque seria fora de época, as pessoas estariam com receio de vir por conta de aglomeração e também com problemas financeiros. Todo mundo vai sofrer o impacto da crise econômica. De fato, é temeroso a gente pensar na festa ainda em 2020”, argumentou.
Outro que não vê motivo para o São João de fim de ano é o prefeito de Cruz das Almas. Segundo Orlandinho, como o gestor é conhecido, a proposta não vinga. Ele fez uma comparação com outra data. “Não tem clima. É aquela coisa, São João em junho, Natal em dezembro. Como é que alguém vai fazer um projeto para transferir o Natal para janeiro ou fevereiro? É uma invencionice que não cabe e não vai prosperar”, declarou.
Orlando Filho também frisou os problemas de fim de mandato que frustrariam as expectativas, além da determinação do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA) que proibiu qualquer gasto com festa, seja ela junina, de aniversário da cidade, de padroeira. “Mesmo fazendo São João com live, tá proibido qualquer despesa”, afirmou.
Fonte: BN
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