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O número de casos notificados de zika vírus em Salvador subiu 277, 71% em 2020, em comparação com o ano de 2019. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde, referentes ao período de 4 de janeiro a 20 de junho nos dois anos.
Em dados gerais do estado, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) estima que a Bahia tem 2.730 casos prováveis de zika até junho deste ano, o que também representa um aumento (93,5%) com relação ao ano passado, quando foram notificados 1.411 casos prováveis.
Com base nos dados da SMS, em 2019 Salvador registrou 166 casos entre janeiro e junho, enquanto em 2020 o número saltou para 461.
O zika vírus foi a segunda arbovirose com maior percentual de crescimento na capital baiana, ficando atrás apenas da chikungunya, que cresceu 471,48% de um ano para o outro.
Apesar do crescimento no percentual da chikungunya ser maior, os casos de zika vírus chamam a atenção por causa do estudo desenvolvido no Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia, que descobriu que uma nova linhagem do zika no Brasil.
O Ministério da Saúde detalhou que a Bahia concentra 42,7% dos casos de Zika do país, com 1.577 relatos da doença.
Atualmente, existem duas linhagens do zika no mundo: a asiática e a africana (sendo que essa é subdividida em oriental e ocidental). Até então, o Brasil possuía registro apenas da linhagem da Ásia, descoberto em 2015 por dois pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA): Gúbio Soares e Silvia Sardi.
Nesta nova linhagem, no entanto, os pesquisadores da Fiocruz Bahia identificaram a emergência do vírus no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
Segundo a pesquisa, os fatores indicam que a linhagem africana do vírus já circula no Brasil há algum tempo e pode ter potencial epidêmico, uma vez que a maior parte da população não tem anticorpos.
“A gente sabe que a linhagem africana é um pouco mais virulenta e pode causar uma doença mais aguda, com dores e febre mais intensas. O problema da introdução dessa linhagem no Brasil é que a epidemia de 2015 só tinha sido causada pela linhagem asiática. A pessoa que desenvolveu essa doença e se curou, criou anticorpos que a protegem de uma nova infecção", disse Artur Lopo de Queiroz, bioinformata e coordenador do estudo.
Fonte: G1